Após mais de 26 horas de plenário, o Tribunal do Júri absolveu os três réus da acusação de homicídio qualificado de Jurandir Trein de Moura, 35 anos, ocorrido em 2017. Desta forma, a Justiça suspendeu o mandado de prisão contra Juliana Trein de Moura, 34, que é irmã da vítima, e determinou a soltura do companheiro dela, Andrei dos Santos Fischborn, 26, e Lucas Porto, 28, que é amigo do cunhado da vítima.
O Tribunal do Júri iniciou-se na quarta-feira (6), quando ocorreram dois interrogatórios e quatro testemunhas foram ouvidas. A ré, Juliana, não foi interrogada porque estava foragida. O júri foi retomado no dia seguinte com o início dos debates. A sentença foi divulgada às 22h47min de quinta-feira (7).
O assassinato aconteceu na madrugada de 22 de agosto de 2017, entre 1h e 2h, quando Jurandir foi morto com diversos golpes de faca no pescoço, na cabeça e nas costas. O corpo dele foi encontrado mergulhado nas águas do Rio Caí, sob a ponte do Raposo, na divisa entre Vila Oliva, no interior de Caxias, e Gramado. Segundo a Polícia Civil, o corpo da vítima foi jogado de uma altura de mais de 11 metros.
A denúncia do MP apontava que a execução aconteceu a mando de Juliana, irmã da vítima. Os indícios eram que os réus Fischborn e Porto teriam arrombado a residência de Jurandir e o rendido com uma arma de fogo. Depois, teriam levado a vítima até a Ponte do Raposo, onde foi morta com os golpes de faca.
A denúncia apontava que o assassinato foi motivado por dois motivos torpes. O primeiro seria uma represália a um desentendimento ocorrido no dia anterior, quando Juliana discutiu com o irmão sobre o problema do motor de um Fusca, que havia sido emprestado por Jurandir ao réu Fischborn.
O segundo motivo é que, durante este desentendimento, Jurandir acionou a Brigada Militar e denunciou um suposto narcotráfico praticado pela irmã e pelo cunhado. Na denúncia, o MP salientava que Fischborn é reincidente criminal.
Em sede policial, Fischborn admitiu a discussão com o cunhado Jurandir sobre o conserto do veículo cujo motor fundiu, mas negou participação no homicídio. Declarou que, na noite do crime, ficou em casa com a companheira Juliana assistindo a televisão, só saindo às 2h do dia 22 para comprar refrigerante e chocolate em um posto de gasolina. Durante o processo, Fischborn exerceu o direito de permanecer em silêncio.
À Polícia Civil, Juliana declarou que tinha um bom relacionamento com o irmão Jurandir, mas esporadicamente aconteciam desentendimentos entre eles devido a questões financeiras. Ela também relatou a discussão no dia anterior ao homicídio sobre o Fusca emprestado por Jurandir. Ela não prestou depoimento em juízo.
Em seu depoimento ao juiz antes do júri, o réu Porto negou participação no crime e alegou que trabalhou até a 1h na madrugada do crime. Ele também negou conhecer Jurandir ou Juliana.