Um trabalho diário acompanhando cada prisão que era feita na Serra e comparando características físicas. Foi com esta análise minuciosa que a equipe da Delegacia de Homicídios de Caxias do Sul chegou até os dois suspeitos do assassinato de Henrique Camícia, 21 anos. Os dois homens, de 21 e 27 anos, foram presos preventivamente na manhã desta sexta-feira (24).
Camícia foi assassinado na tarde de 24 de fevereiro. O crime teve grande repercussão por acontecer dentro de uma empresa no bairro Diamantino, onde ele trabalhava como serralheiro. A vítima não possuía antecedentes criminais e tinha uma vida pacata com a esposa e uma filha de três anos. O perfil de Camícia destoava do que é comum em casos de homicídio, o que aumentava o mistério sobre o crime.
Sem encontrar um motivo para a execução ou possíveis desafetos da vítima, restou a Polícia Civil se dedicar a identificação dos dois suspeitos. Para isso, foram utilizadas todas as técnicas possíveis de análise e melhoramento de imagens na gravação feita pelo monitoramento interno da serralheria. As câmeras flagraram os dois homens, um de boné vermelho e outro de boné azul, invadindo a empresa, rendendo funcionários e colocando Camícia de joelhos. Logo depois, o rapaz foi alvejado diversas vezes.
— Era um rapaz que não tinha antecedentes, em principio mantinha uma vida pacata e ordeira. Foram dezenas de diligências. Uma das linhas era acompanhar todas as prisões que aconteciam na Serra, com características físicas e até tatuagens. Trabalho diário que durou meses. Numa dessas, identificamos esta dupla presa por tráfico, que tinha características muito semelhantes. Confrontado com as imagens, um deles confessou o crime — relata o delegado Caio Márcio Fernandes, titular da Delegacia de Homicídios.
Este suspeito reconhecido pelos policiais e que confessou a autoria é o homem que aparece de boné vermelho na gravação. Nas imagens, os investigadores conseguiram identificar uma tatuagem dele. Diante das evidências, o rapaz de 21 anos confessou a participação no homicídio durante interrogatório.
A Polícia Civil não divulgou detalhes de quando ou como estes dois suspeitos foram presos inicialmente, apenas que se tratou de um flagrante por tráfico de drogas. Segundo o delegado Fernandes, ambos os investigados possuem outros passagens policiais por tráfico de drogas e homicídios — e um deles também tem envolvimento em um roubo. Pelo perfil analisado, a suspeita dos investigadores é que eles pertençam à alguma facção da cidade.
— Eles foram presos juntos (por tráfico), o que reforça esta situação de parceria entre eles. Foi um trabalho minucioso feito pela nossa equipe para identificar cada detalhe possível nas imagens. Um trabalho insistente de análise de características físicas de todos que eram presos em Caxias e na Serra nos últimos quatro meses — exalta o delegado Fernandes.
Todas estas evidências reunidas para identificar os dois suspeitos já foram apresentadas ao Ministério Público que, segundo a Polícia Civil, já ofereceu denúncia contra ambos por homicídio qualificado. Contudo, o motivo da execução de Camícia ainda está em investigação.
— A motivação ainda é um problema. Sobre este ponto, este rapaz que confessou (a autoria) preferiu não comentar, exercendo seu direito constitucional. Se (a vítima) foi morta por engano, não podemos confirmar nem descartar — aponta o delegado Fernandes.
A Delegacia de Homicídios também busca identificar quem era o motorista do veículo utilizado no assassinato e mais um comparsa que teria ficado do lado de fora do estabelecimento no momento do crime. As armas utilizadas no assassinato também não foram encontradas.
Quem tiver informações sobre este ou outro assassinato acontecido em Caxias do Sul pode repassar diretamente à Delegacia de Homicídios pelo aplicativo WhatsApp no número (54) 98414-9840. Não é preciso se identificar.