O secretário Municipal de Segurança Pública de Caxias do Sul, Paulo Roberto Rosa, afirma que as circunstâncias a respeito da morte de Matheus da Silva dos Santos, 21 anos, durante uma abordagem da Guarda Municipal serão apuradas em inquérito policial e investigação administrativa da prefeitura.
Uma barreira envolvendo diversos órgãos de segurança ocorria na Rua Moreira César quase na esquina com Rua José de Carli, no bairro São José, na madrugada deste domingo (6), quando Matheus não teria parado na blitz e fugiu, o que gerou perseguição — o rapaz não tinha carteira de habilitação e conduzia uma Parati na companhia de outros dois amigos.
A fuga aconteceu por ruas dos bairro São José e terminou na rotatória da Rua Ludovico Cavinato com a Perimetral Norte, caminho que leva aos pavilhões da Festa da Uva. O disparo teria ocorrido no momento em que ele perdeu o controle do carro numa rotatória e foi cercado, segundo a Polícia Civil. Conforme a versão inicial, Matheus tentou arrancar a Parati e supostamente projetou o veículo contra os guardas municipais, que haviam descido da viatura para concluir a abordagem. Nesse momento, os servidores municipais dispararam. Matheus levou um tiro na cabeça e morreu no hospital.
Quatro guardas envolvidos diretamente na abordagem foram ouvidos pela Polícia Civil ainda na madrugada deste domingo (6) e liberados. O caso está sendo apurado como homicídio decorrente de oposição à intervenção policial.
Confira o que o secretário falou sobre a perseguição e morte:
Como foi conduzida a ocorrência?
A Guarda estava fazendo trabalho junto com Fiscalização de Trânsito, Polícia Civil, Brigada Militar e as secretarias do município, que integram as operações que ocorrem em decorrências das aglomerações. Aí essa Parati passou pelo local, não parou e foi embora. A Guarda foi dar apoio e ele (Matheus) jogou a Parati em cima da viatura de trânsito e em cima dos guardas que desceram para fazer a abordagem. E aí deu esses tiros. Tinha quatro guardas municipais, que desceram da viatura, e infelizmente vieram a matar esse rapaz. Foram para a delegacia, foi feito tudo que deve ser feito. Foram conduzidos os outros dois rapazes que estavam com ele (Matheus). Foi prestado socorro imediatamente, levado ao hospital com vida e posteriormente veio a óbito. As armas estão apreendidas, o delegado da Homicídios vai fazer investigação normal, dentro da transparência total, devem ser verificadas câmeras próximas ao local do fato, os veículos vão ser submetidos à perícia, inclusive da Fiscalização de Trânsito, que foi que iniciou a perseguição.
E o que acontece com os guardas?
Esses quatro guardas envolvidos vou afastar preventivamente, vão trabalhar administrativamente. Também foi determinada a instauração de um procedimento administrativo-disciplinar para apurar o que realmente aconteceu, em cima do inquérito que a Delegacia de Homicídios vai apurar sobre esse fato lamentável. Jogaram o carro em cima dos guardas e aconteceu esse fato lamentável.
Vai ser inevitável questionamento do preparo da Guarda para esse tipo de situação. O que pode nos falar sobre isso?
O preparo da Guarda de Caxias do Sul é um dos melhores. O pessoal faz curso com a própria Brigada Militar, de utilização da arma, esse preparo a Guarda de Caxias tem e muito bem. Inclusive, são submetidos a teste psicológico e anualmente e submetidos a exames para renovar o porte. Bem como as abordagens, em que diversos cursos são feitos, de capacitação, de manutenção para fins de utilização de arma de fogo e abordagens. Agora, são fatos evitáveis, mas infelizmente acontecem em cima da adrenalina e situação do momento, o que vai ser apurado pelo inquérito e por nós, a nível de sindicância, mas a preparação dos guardas é das melhores.
O fato de não ter tido uma ação da origem como disparos para justificar a reação a tiros, dá para admitir que houve erro?
Não posso admitir que houve erro. No momento que jogaram veículo em cima dos guardas municipais poderia até ter causado um homicídio em relação aos guardas. Aí para tentar que a situação não fosse efetivada... isso será tudo apurado no inquérito policial. Não podemos já admitir erro ou falha em cima de situação que é muito preliminar. Só tenho a lamentar. A função de qualquer força de segurança não é matar ninguém, é fazer a abordagem dentro do melhor possível e prender, independentemente de quem seja. E essa é a atitude da Guarda Municipal, ninguém quer ceifar a vida de ninguém, mas infelizmente aconteceu o fato, tem de ser apurado com bastante transparência.
E quais penalidades que podem ser aplicadas aos guardas em nível administrativo?
Depende da apuração do inquérito, tudo vai se basear nisso, não dá para fazer apanhado ou defesa do que aconteceu. É muito prematuro para ser definido o que pode ser feito.