A Polícia Civil esclareceu a autoria da morte de Pedro Volni Rodrigues, 58 anos, que foi a primeira vítima de homicídio em Caxias do Sul em 2021. O autor confesso é um homem de 26 anos, que é sobrinho da vítima e alega legítima defesa. O investigado foi localizado pela Delegacia de Homicídios dois dias após o crime. Ele prestou depoimento e responde ao inquérito policial em liberdade. O nome do autor confesso da morte não foi divulgado.
Rodrigues foi encontrado morto na residência em que morava na Rua José Soares, no bairro Serrano, no dia 3 de janeiro. Ele foi assassinado com golpes na cabeça.
— O autor alega que foi conversar com a vítima sobre um problema familiar que já vinha acontecendo. A vítima estava cozinhando e, durante a discussão, teria puxado uma faca contra ele. O autor afirma que pegou o primeiro objeto que encontrou e golpeou a vítima. Depois, assustado, evadiu do local — relata o delegado Caio Márcio Fernandes.
O objeto utilizado para a suposta legítima defesa foi um pedaço de madeira que Rodrigues utilizava para apoiar uma porta. O sobrinho alega que jogou este pedaço de madeira em um matagal após o crime. O objeto não foi encontrado pelos policiais.
A Delegacia de Homicídios ainda aguarda a perícia no local do crime e a necropsia para analisar se a versão do autor confesso é condizente com os fatos. O homem de 26 anos não possui antecedentes criminais. Um dos questionamentos é o fato de sobrinho não ter procurado socorro após derrubar o próprio tio.
— A autoria não se discute. O que verificamos é se a versão guarda correlação com os outros fatos e se existe uma plausibilidade numa eventual tese de legítima defesa ou não. Neste passo, os exames periciais são bastante elucidadores e conseguiremos fechar este panorama — afirma o delegado de Homicídios.
Caxias do Sul registrou dois assassinatos em 2021 e ambos os casos são considerados esclarecidos pela Polícia Civil. O outro crime foi contra um idoso encontrado morto após um incêndio a residência. Um casal foi preso pelo homicídio e por furtar bens da vítima.
Família da vítima questiona liberdade de autor confesso
Rodrigues era metalúrgico aposentado e descrito como uma pessoa conhecida no bairro, que conversava e ajudava a todo mundo. A família da vítima questiona a falta de ação diante de um crime tão grave.
— Por que está solto? É um réu confesso e a brutalidade que teve (para golpear a vítima). Ele foi até a casa do Pedro, matou ele com vários golpes na cabeça e depois revirou a casa. A família está assustada porque ele fez o que fez e está impune. Parece que vale mais a palavra do assassino do que os fatos — lamenta um familiar, que pede para não ser identificado.
O parente da vítima alega que a casa estava toda fechada e os cômodos revirados, o que seria um sinal de que o autor não apenas reagiu e fugiu assustado:
— A cena do crime mostra muito mais coisas do que uma simples reação. Ele saiu, chaveou a porta e deixou o corpo lá trancado. Se fosse defesa, ele não teria fechado toda a casa e revirado atrás de dinheiro. E o celular da vítima que sumiu? Esse rapaz já tinha ameaçado o Pedro (Rodrigues) antes, mas foi uma ameaça verbal e não temos como provar — afirma o familiar.