Em investigação à denúncia de racismo registrada por Ariel Vareiro Pereira, 35 anos, em Caxias do Sul, a Polícia Civil pretende convocar para depoimento as pessoas envolvidas no caso, que ocorreu há pouco mais de dois meses, no dia 26 de agosto.
O inquérito foi aberto na 1ª Delegacia de Polícia, que tem como titular o delegado Vitor Carnaúba, responsável pela investigação. A polícia não informou quem será ouvido nesta fase e, segundo o delegado, ela poderá ser finalizada dentro de 30 dias.
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— Inicialmente o registro era de injúria. Mas, em depoimento, o denunciante argumentou questões que podem configurar caso de racismo. Então, o inquérito foi instaurado para apurar a prática deste crime — afirma Carnaúba.
Conforme a defesa de Pereira, que entra no processo como parte de acusação, após a conclusão do inquérito, o caso será direcionado ao Ministério Público, uma vez que a ação no crime de racismo é pública e incondicionada.
Um caso que ganhou visibilidade
Pereira afirma que estava aguardando seu vizinho resolver uma situação na agência da Caixa Econômica Federal da Rua Os Dezoito do Forte, no bairro Nossa Senhora de Lourdes, quando decidiu ver alguns itens de acabamento na loja em frente, a Hidrolux. De acordo com ele, dois homens que já o observavam também entraram no estabelecimento, agindo de forma intimidadora. Ele alega que a atendente da loja também foi rude.
Ouvida pela reportagem alguns dias após a denúncia, a responsável da loja, Dionir Bridi, que estava no estabelecimento no dia da ocorrência, afirmou que o atendimento a Pereira foi realizado sem nenhum tipo de discriminação.
Ao voltar para a calçada em frente à agência, Pereira relata que foi abordado por um dos homens que estavam na loja, sob insultos e ameaças. Em relato à reportagem, ainda em agosto, ele afirmou que se manteve dentro da agência como forma de proteção, uma vez que o homem o ameaçava fisicamente, de forma enfática. A situação só foi apartada com a chegada da Brigada Militar.
Além do registro na Polícia Civil, Pereira também denunciou o fato em suas redes sociais, com o intuito de dar visibilidade à causa antirracista. A postagem em sua página pessoal de Facebook, feita dois dias após a ocorrência, totaliza 1,9 mil reações, 621 compartilhamentos, além de 241 comentários, sendo a maioria deles de apoio ao denunciante, conhecido por muitos estudantes e professores da Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde trabalha como auxiliar administrativo e cursa Direito, além de atuar como declamador no meio tradicionalista.
O nome do homem que teria proferido as ofensas raciais e ameaças contra Pereira foi apontado no boletim de ocorrência. Ele mora em Caxias do Sul, mas a polícia ainda investiga sua participação.
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