Temendo pela segurança da vira-lata que aprendeu a combater a entrada de drogas na Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no distrito do Apanhador, o soldado Jeverton Jardim, 36 anos, decidiu adotar a cachorrinha Mel. O temor é de que alguma visita pudesse tentar machucar ou envenenar o animal, que vivia solto entre os muros da maior cadeia da Serra.
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Mel deixou o Apanhador na última quarta-feira (15).
— Como eu já tinha uma relação com a Mel, decidi trazer para minha casa. Não iríamos deixar que fizessem mal pra ela. Os presos não teriam acesso para matar ela, mas podiam planejar algo. Ela vivia solta, até na rua. Alguém, uma visita, podia pegar. Ela está bem, fica em casa comigo e também pode circular pelo pátio. Ela pode estranhar um pouco não ter os amigos (outros cães que vivem na penitenciária), mas não valia a pena correr o risco — comenta o soldado Jeverton.
A cadela era companheira dos policiais na guarda externa e aprendeu sozinha a impedir os arremessos feitos por cima dos muros. No início de junho, ela recolheu um pacote com 1,2 quilos de maconha, 146 gramas de cocaína, 10 chips de celulares, um cabo e quatro fones de ouvido.
— O clima estava bem fechado (pela neblina), era difícil enxergar. Ela percebeu alguma coisa e ouvimos os latidos. Na sequência, ela voltou com o pacote na boca. Ela já tinha feito alarde em outras ocasiões, o que nos ajuda a identificar algo suspeito. Mas, dessa forma, de trazer o pacote, nunca tinha acontecido. Acho que apreendeu das brincadeiras que fazemos — relatou o policial militar Fabiano Oliveira, 43, que estava de plantão na ocasião.
A penitenciária Estadual de Caxias conta com seis cães de porte grande, que fazem a guarda e ficam entre as duas cercas que separam a cadeira das muralhas.