Sem convênio com a prefeitura e com pouco efetivo, a Brigada Militar (BM) reformulou o policiamento comunitário em Caxias do Sul. Sem recursos para manter os 72 brigadianos divididos em 24 núcleos, como era em 2017, a opção foi selecionar 10 agentes para compor duas patrulhas diárias. O novo formato perde a essência dos policiais militares morando nos bairros que atuam, mas mantém a filosofia de aproximação com a comunidade e ações de prevenção.
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Estas patrulhas comunitárias serão vinculadas às duas companhias responsáveis pelo policiamento rotineiro na cidade. Só que estes brigadianos não farão atendimentos de ocorrência. A rotina será de visitas ao comércio, conhecer líderes dos bairros e conversar com a comunidade. Com o apoio das pessoas, os PMs devem perceber os pontos problemáticos de cada região e fazer ações preventivas.
— O patrulhamento é feito em regime de 12 horas e todos os dias acontecem visitas comunitárias. Os PMs fazem o mesmo trabalho que os núcleos realizavam, mas agora não estão limitados a uma região. Praticamente, cada dupla atenderá a metade da cidade. Em momento algum perdemos esta filosofia (comunitária). Só tivemos que modificar o formato — explica o tenente-coronel Jorge Emerson Ribas, comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM).
O novo modelo conta com um acréscimo: uma base móvel comunitária. Um micro-ônibus, que tradicionalmente é utilizado na Operação Golfinho no Litoral, fará um revezamento por seis pontos estratégicos da cidade. Serão dois PMs que atuarão em conjunto com a patrulha comunitária e com um reforço de uma equipe do canil, do grupamento montado, das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) ou do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).
— Sempre terá um destes recursos junto. Será um apoio bem próximo e em locais de maior movimentação, como praças, rótulas de acessos ou regiões com agências bancárias em bairros. A base será a referência e esperamos que atue três dias por semana — aponta o tenente-coronel.
Patrulha rural continua
O novo formato do policiamento comunitário não altera a atuação da Brigada Militar no interior. Hoje, há três duplas que moram em suas respectivas regiões de atuação. No núcleo de Vila Seca e Criúva, assim como em Vila Cristina, os PMs moram em casas funcionais, que foram construídas ainda nos primórdios do policiamento comunitário e são geridas pela associação de moradores locais. Em Fazenda Souza, os brigadianos já são moradores da região e aceitaram compor a patrulha. Estes PMs não recebem qualquer outro tipo de auxílio.
Menor efetivo dos últimos 20 anos
A reformulação do policiamento comunitário é mais uma adaptação diante da falta de efetivo em Caxias do Sul. Durante apresentação do novo formato na Câmara de Vereadores, o comando do 12º BPM relatou que o efetivo está em aproximadamente 360 brigadianos. Conforme a própria BM, o ideal seria ter 720 PMs para atender uma cidade de 500 mil habitantes. O tenente-coronel Ribas admite que esta é o menor tropa do 12º BPM desde o início da sua carreira em Caxias do Sul, em 2000.
— Alguma parte do efetivo a tecnologia ajuda a substituir. Mas é uma pequena parte. A tecnologia não é suficiente para suprir o recurso humano, o policial militar. Se for lembrar, há 15 anos só nos preocupávamos com um presídio. Agora, são dois presídios superlotados que demandam atenção e PMs para compor a guarda externa. Também há o Centro de Atendimento Socioeducativo (Case).
No ano passado, após a formatura de 2 mil novos soldados, Caxias do Sul teve a inauguração do Batalhão de Choque da Serra, com 110 PMs. Contudo, esta é uma tropa especializada que precisa estar preparada para demandas regionais e não faz atendimento de ocorrências ou patrulhamento de rotina na cidade. Esta responsabilidade continua do 12º BPM, que não recebeu nenhum reforço após as formaturas.
Entre as iniciativas que sucumbiram pela defasagem do efetivo nos últimos anos está o fechamento da 3º Companhia, que tinha responsabilidade territorial pelo bairro Cruzeiro e região, e o abandono dos módulos nos bairros Santa Fé e Fátima.
— Por maior que seja a dificuldade, temos que reservar parte do efetivo para a prevenção. É importante fazer este trabalho de visitas, relacionamento e servir como um canal de comunicação. Por isso, este novo formato (do policiamento comunitário) — afirma Ribas.
PATRULHA COMUNITÁRIA VIA WHATSAPP
Para facilitar a comunicação das patrulhas com a população, a BM disponibilizou os celulares abaixo com o aplicativo WhatsApp. Para estes números devem ser encaminhadas informações sobre a rotina do bairro e as necessidades que não sejam urgentes, como bares que recorrentemente causam perturbação do sossego, acúmulo de usuários de drogas em um parque ou carro que foi visto perambulando pelo bairro.
:: Regiões Centro e Leste: (54) 98416.1072
:: Regiões Oeste, Norte e Sul: (54) 98432.8898
Denúncias sobre crimes mais graves, como tráfico de drogas ou um esconderijo de carros roubados, devem ser encaminhada para o WhatsApp (54) 98414.1178. Este número é de responsabilidade do setor de inteligência do 12º BPM, que atua diariamente no monitoramento destas atividades criminosas.
Para situações de urgência e emergência, a ligação deve ser para o 190. O Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) é o responsável pelo controle das equipes nas ruas e poderá despachar a viatura mais próxima.