Rodrigo Winques ainda usa o termo "nenê" para se referir ao filho, Rafael Mateus Winques, 11 anos, encontrado morto na noite desta segunda-feira (25) em Planalto, no norte do Estado. A mãe do menino, Alexandra Dougokenski, confessou ter matado e escondido o corpo do filho nesta segunda-feira. No final da manhã desta terça-feira (26) Winques conversou com a reportagem. Contou sobre o período em que a família morou na Serra e como foram os últimos dias desde que ficou sabendo do desaparecimento do menino.
Winques trabalha no cultivo de parreiras e mora em Bento Gonçalves desde 2017. No dia seguinte ao que a ex-esposa, Alexandra Dougokenski, registrou ocorrência na polícia do sumiço de Rafael, ele foi para Planalto e passou a procurar pelo filho. O sepultamento de Rafael estava marcado para as 16h desta terça, no Cemitério Municipal daquela cidade.
Confira trechos da entrevista:
Pioneiro: Como o senhor ficou sabendo do suposto desaparecimento de Rafael?
Rodrigo Winques: Na sexta de manhã, o padrasto ligou para mim do telefone do nenê. Eu estava trabalhando, mas era o whats dele, atendi e disse: "Oi, filho, o que foi?" Ele (padrasto) disse: "O teu filho não está aí contigo? Se não está, ele sumiu". Fui para um lado para pegar mais antena, mas o telefone (ligação) caiu e não consegui mais falar. No sábado, paguei um carro e fui para Planalto.
O que o senhor fez quando chegou na cidade?
Primeiro fui no conselho (tutelar). De lá, fui na delegacia. Depois, fui lá falar com ela (Alexandra). Estava tomando chimarrão. Muito fria. Ela contou que sumiu o piá. Eu falei: Mas como sumiu de dentro de casa? O piá não ia a lugar nenhum. Nos lugares que fui só diziam que me conheciam, ele não. Perguntei se tinham visto carros estranhos, diziam que não.
Quando o senhor soube que tinham encontrado o Rafael?
Ontem (segunda) de noite. De manhã, estava na casa de um amigo meu. Fui na delegacia falar com o delegado. De tarde fui dar mais uma pesquisada por aí. Daí não soube nada mais. Um fala uma coisa, outro fala outra. Fui para casa (do amigo). Aí, chegou um pessoal lá falando, e celular daqui e celular dali, pegamos um carro e fomos ali e estava um tumulto já (na casa onde Rafael foi encontrado).
Como Alexandra era durante o casamento de vocês?
O Anderson tinha três aninhos (quando começaram a morar juntos). Faz três anos que nos separamos. Era tranquilo. Nunca pensei que ela fosse fazer isso aí.
Entenda o caso:
:: Em 15 de maio, Alexandra Dougokenski registrou o desaparecimento do filho caçula Rafael Winques, 11 anos.
:: Ela relatou à polícia que ao acordar não encontrou o filho em casa.
:: A polícia deu início às buscas, utilizando, inclusive, cães farejadores.
:: Desconfiados de partes dos relatos da mãe e de contradições, a polícia chamou Alexandra para mais um depoimento na última segunda-feira, 25, quando ela confessou ter matado o filho, mas de forma não intencional. Ela disse que o menino estava agitado na noite do dia 14 e que ela teria dado a ele dois comprimidos de diazepan (usado como calmante) para que adormecesse. Que depois foi vê-lo e ele estava morto.
:: A mãe indicou o local onde escondeu o corpo do filho, uma casa abandona que fica vizinha a que eles moravam. O menino estava enrolado em um lençol, dentro de uma caixa de papelão.
:: A polícia pediu e a Justiça concedeu prisão temporária de Alexandra.
:: Na terça pela manhã, o laudo da necropsia do Instituto-Geral de Perícias apontou que Rafael foi morto por asfixia mecânica causada por estrangulamento.
:: A polícia investiga se há mais algum envolvido no crime. Se a mãe usou o medicamento para dopar Rafael e o motivo.