Após ouvir o depoimento de vítimas do ataque ao Centro de Umbanda Caboclo Sete Flechas, do bairro Fátima Alto, em Caxias do Sul na tarde desta quarta-feira (19), a Polícia Civil irá direcionar o caso para a Delegacia de Homicídios, tendo em vista as circunstâncias do crime.
Representantes Associação Independente em Defesa das Religiões Afro Brasileiras (Asidrab) — entidade que atua a nível nacional pelo combate à intolerância religiosa — e também da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Governo do Estado acompanharam o depoimento de Pai Jonatan Freitas, 32, dono da casa atacada após uma sessão na noite de 7 de fevereiro.
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Conforme relato da vítima, cerca de 15 pessoas encontravam-se no local quando um vizinho da casa desferiu ameaças efetuando, em seguida, disparos com arma de fogo.
Ouvimos a vítima e sua companheira e se vislumbrou a possibilidade de uma tentativa de homicídio pela dinâmica do acontecimento _ afirmou o delegado Rodrigo Kegler Duarte, que responde interinamente pelo 2º Distrito Policial, onde o caso era inicialmente investigado, tipificado como disparo de arma de fogo.
Além de defender que o caso trata-se de uma tentativa de homicídio, a associação entende este como sendo um caso de intolerância religiosa e pretende atuar para que o suspeito seja responsabilizado.
— Quando ele chegou na casa, com uma arma de fogo em uma mão e uma arma branca em outra, gritando "venham pra fora macumbeiros de merda", usou termo pejorativo para se dirigir aos praticantes da religião de matriz africana — afirma o advogado Ricardo Mesquita Sordi, coordenador jurídico da Asidrab.
A associação também pretende emitir um ofício aos órgãos públicos envolvidos apontando omissão por parte da Brigada Militar neste tipo de caso. A ação dos policiais, para a entidade, não foi condizente com a gravidade e com o teor do crime.
O suspeito de ter efetuado os disparos não chegou a ser detido na noite do crime. Segundo a nora dele, que entrou em contato com a reportagem depois da publicação do caso, o homem teria agido sem intenção de matar, incomodado com o barulho produzido pelos frequentadores do Centro de Umbanda.
Procurado novamente pela reportagem nesta quarta-feira, tanto o autor dos disparos quanto o advogado dele não quiseram se manifestar a respeito do assunto. A reportagem tentou contato com o comando da Brigada Militar, mas até às 20h30min de quarta-feira não obteve retorno.
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