Um oficial de Justiça foi preso em flagrante nesta semana em Flores da Cunha em uma ação do Ministério Público (MP). A investigação concluiu que ele exigia dinheiro de um leiloeiro de maneira ilegal. Conforme o MP, Fábio Hallwass tentou extorquir parte do valor que ficaria com a vítima por conta da atuação no leilão de um imóvel.
O pavilhão, no leilão, foi vendido por cerca de R$ 10 milhões e o leiloeiro teria direito a até 5% deste total, mas decidiu ficar com 4%. A apuração do MP apontou que o oficial de Justiça tentou intervir para que o percentual máximo fosse pago ao leiloeiro, mesmo sem o desejo dele. Inicialmente, de acordo com a investigação, o total exigido da vítima girava em torno de R$ 50 mil. Durante meses de negociações acompanhadas pela promotoria de Justiça, chegou-se a um acordo de pagamento de R$ 25 mil. Na última quarta-feira (4), quando ocorreria a entrega de R$ 5 mil em uma padaria no centro da cidade, Hallwass foi detido em flagrante. A prisão foi convertida em preventiva.
Segundo o promotor Stéfano Lobato Kaltbahc, o oficial de Justiça argumentava que ajudava o leiloeiro em procedimentos do trabalho e, por isso, mereceria o dinheiro. Além disso, a investigação apurou que ele usava a chegada de outro leiloeiro à cidade para ameaçar a vítima, dizendo que o novo profissional seria beneficiado nas designações para fazer os leilões judiciais. Isso seria feito por meio de uma familiar do oficial que também trabalha na Justiça. Esta mulher ainda é tratada como suspeita e, por isso, o nome dela é preservado. A investigação sobre este aspecto agora segue com a Polícia Civil. A delegada Aline Martinelli, responsável pela investigação, não comenta o assunto.
O MP começou a investigação em junho. Desde então, foram feitas gravações de conversas por celular e ambientais entre os dois, somando 1h30min de material.
O Tribunal de Justiça confirmou a prisão do servidor e disse que ainda não há informações sobre o afastamento dele do cargo, mas afirmou que um procedimento interno de investigação será aberto pela Corregedoria de Justiça.
O advogado Tarciso Lunardi, que está à frente da defesa do oficial de Justiça, disse que prefere não se manifestar "para evitar a espetacularização do assunto".