É a oportunidade de retomar o rumo de sua vida que atraiu Martins ao programa Jovem Aprendiz recém-iniciado no Presídio Regional de Caxias do Sul. Recolhido desde 2016, o detento de 22 anos lamenta ter abandonado o colégio no 1º ano do Ensino Médio e não quer mais desperdiçar tempo. Com mais nove anos de reclusão a cumprir, Martins sonha em ingressar no mercado de trabalho e poder viver com a esposa.
Pioneiro: Por que abandonou o colégio?
Martins: Parei de estudar por causa do emprego, começou a ficar muito corrido, daí me envolvi numa situação e ficou prejudicado o estudo. Trabalhava numa mineração de areia na minha cidade, mas ficou apertado e não sobrou tempo para o colégio.
O que o curso representa?
Vejo uma grande oportunidade que estamos recebendo e sei que com um certificado de curso concluído irei ter, tenho certeza disso. Gostei porque é um curso que abre bastante portas. É um conhecimento, também. Sinto falta, já queria ter terminado de cursado o Ensino Médio. Tive a oportunidade, mas não soube aproveitar.
Como era sua rotina antes do curso?
No outro presídio que fiquei, não tinha estudo. Lá não tinha rotina. Era acordar de manhã, tomar café, ir para o pátio e voltar para a cela. No Apanhador (onde também ficou recolhido) era tudo aberto, ficávamos indo e voltando (entre pátio, galeria e cela). Aqui, passa mais rápido o tempo. É de manhã o colégio e o curso (profissionalizante) à tarde. Ocupa o dia inteiro.
O que planeja do futuro?
Espero, graças ao curso, reduzir o tempo (de pena) em alguns anos. Quando sair, quero aproveitar o que aprendi. Vendas é um curso que me identifiquei bastante, quero construir uma carreira a partir disso. Minha mulher me apoia bastante. Ela trabalha com vendas também e a mãe dela possui uma loja.