Mais de um ano e meio convivendo com uma ameaça silenciosa e sorrateira que é a covid-19. Durante esse período, inúmeros decretos, com duras regras, foram impostos com o intuito de contribuir para que a população não fosse infectada em massa. Coube ao poder público intensificar a fiscalização para diminuir excessos. Porém, o crescimento no número de vacinados e as novas flexibilizações, principalmente as anunciadas na última semana, deixaram uma perigosa impressão de que a vida retornou ao seu ritmo normal, mesmo com a pandemia ainda em andamento.
Os parques, por exemplo, são um dos locais em que os caxienses mais frequentam aos finais de semana. É fácil observar famílias e grupos de amigos se encontrando para conversar portando pipoca ou o tradicional chimarrão. Assim como há os que se reúnem para realizar atividades físicas como corrida, andar de patins, skate, jogar futebol ou outro esporte.
Independente do motivo, há pessoas que optam pelo uso de máscara o tempo inteiro e outros, quase que maioria, por se sentirem seguros, acabam dispensando a utilização. Um grupo de frequentadores do Parque dos Macaquinhos, por exemplo, entende ser opção de cada pessoa.
— Aqui estamos em família. Alguns convivem todos os dias dentro de casa, sem máscara e seguros. Estamos ao ar livre, longe de outras pessoas, então, não tem motivo para não tocar a vida em frente. Quando saímos daqui, colocamos a máscara — argumentam.
Nos bares com música ao vivo, os protocolos do último decreto estadual indicam uma série de regras para que funcionem. Mesas espalhadas no ambiente, consumo de bebida apenas se a pessoa estiver sentada e não utilização de pistas de dança. A reportagem visitou alguns locais e constatou que as regras estavam sendo cumpridas. Mas há inúmeros indicativos que nem sempre é assim. No ambiente externo, especificamente em via pública, no aguardo para ingressar no local ou no consumo, pôde-se notar que as regras de distanciamento e uso da máscara não era observado pelas pessoas.
— Aqui dentro orientamos que fora do espaço da mesa se utilize máscara. Mas fora, mesmo que seja na fila, não temos como cobrar, o espaço é público — conta um segurança desses locais.
Um cenário bem parecido com os postos de combustíveis, principalmente nos finais de semana, com as pessoas estacionando seus carros e ficando em grupos, sem maiores preocupações com distanciamento.
Nos bailes de domingo, o movimento de pessoas vem sendo notado já a algum tempo e no último final de semana, não foi diferente. Em um dos locais, mais de 80 carros estavam estacionados, mesmo sendo proibida a utilização da pista de dança.
Se nos finais de semana, parques, bares e bailes são alguns dos destinos mais frequentados pelos caxienses, nos dias de semana a movimentação casa para o trabalho e vice-versa, por óbvio, tem maior predomínio. E muitas pessoas utilizam o transporte coletivo, que também teve mudanças após a publicação dos decretos. A principal delas está na ocupação, que saiu de 75% para 90% de lotação máxima de passageiros.
Entretanto, pelo menos nos primeiros dias do decreto estadual em vigor, os ônibus, nos horários de maior movimento, não apresentavam grande lotação. A maioria das pessoas seguia usando máscara na espera e dentro dos veículos. Também são poucos os exemplos de passageiros em pé nos veículos.
Andrey Porto, 24 anos, diz que na linha que utiliza para o trabalho e na volta para casa, as regras estão sendo respeitadas.
— Mesmo no horário com mais pessoas, está tranquilo. Todos estão respeitando e não vi mais pessoas em pé como tinha antes da pandemia, que era bem comum. Acho que as pessoas entenderam que é preciso respeitar as regras — conta.
Ainda assim, grande parte dos usuários segue pedindo que mais linhas de ônibus sejam liberados para que diminua o tempo de espera e também para que se evite possíveis transtornos com lotação.
Prefeitura ressalta que trabalho de fiscalização segue sendo realizado normalmente
Mesmo com novas regras, a prefeitura de Caxias mantém o discurso de que observa e fiscaliza pontos da cidade no intuito de evitar excessos das pessoas e em locais de entretenimento que possam ter aglomerações. E a população não pode ter a impressão e achar que as coisas voltaram ao normal.
Segundo o Secretário de Urbanismo João Uez, a fiscalização segue ocorrendo, atuando e multando quem descumpre as regras.
— É apenas impressão das pessoas. Nós tivemos ações de fiscalização sexta, sábado, domingo, com autuações, notificações e multa. Uma casa noturna foi notificada por falta de cumprimento das regras com R$ 1,8 mil, no dia seguinte repetiu e a multa foi dobrada e, caso volte a acontecer, terá a cassação do alvará de localização. Não diminuiu em nada, vai continuar sendo feito — ressalta.
Vale destacar que segue proibida a dança em casas de festas, de shows e noturnas, bem como nos demais eventos sociais autorizados. Uez também reafirma que o uso de máscara é obrigatório em todos ambientes fechados e ao ar livre, caso dos parques da cidade.
— Mais do que nunca estamos pedindo para a população: ainda não é momento de tirar máscara e desrespeitar o distanciamento — completa o secretário.
Com relação ao transporte público, Uez lembra que a capacidade aumentou para 90% de ocupação e que cabe a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM), fazer está fiscalização. Segundo a SMTTM, os trabalhos seguem normalmente, mesmo com uma redução do efetivo.
A pasta ressalta que as fiscalizações não deixariam de ocorrer e que em caso de flagrante de excesso, a concessionária é alertada para que providencie melhorias na linha por meio do acréscimo de veículos ou pela substituição por modelos com maior capacidade de carga.