O Conselho Municipal de Saúde deve solicitar a interdição do frigorífico em Ana Rech que registrou o primeiro surto de coronavírus em Caxias do Sul. A tendência é que a representação seja feita ao Ministério Público do Trabalho (MPT) via Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest). Uma reunião nesta segunda-feira (1º) irá elaborar o documento. Na sexta-feira (29), a Secretaria Municipal de Saúde) (SMS) confirmou 12 casos positivos de covid-19 no frigorífico da JBS.
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A tendência é que o pedido seja por um fechamento de três a seis dias para que a empresa coloque em prática um plano de contenção contra o coronavírus. O presidente do CMS, Alexandre Silva, lembra o exemplo de Garibaldi. No início de maio, o frigorífico Nicolini fechou por três dias e retomou as atividades com o máximo 370 dos 1.500 trabalhadores. A medida fez parte do termo de ajustamento de conduta (TAC) assinado junto ao MPT.
— Sabemos que inicialmente são 12 casos (em Caxias) e lá foram 60, mas não podemos chegar a um patamar de tantos casos para fechar e exigir segurança. Nos arredores (do frigorífico) há bares e lancherias e nos chegou relatos de que estes trabalhadores circulam livremente sem o devido material de segurança. Os funcionários não estão cientes do tamanho que é o covid-19. A conscientização não está sendo eficiente e (a empresa) tem que verificar este controle nos arredores — argumenta.
Após a divulgação do surto, o secretário municipal da Saúde, Jorge Hahn Castro, afirmou que todas pessoas que tiveram contato com funcionários do frigorífico seriam monitoradas. Uma reunião entre representantes da pasta e a direção da empresa está prevista para esta segunda-feira (1º).
— Iremos solicitar via documento que o teste seja, no mínimo, com trabalhadores e os familiares deles — afirmou Castro em entrevista ao programa Gaúcha Hoje, no sábado (30). Na ocasião, o secretário descartou a possibilidade de suspensão das atividades da empresa:
— Fechamento seria em último caso.
O frigorífico já havia sido notificado, em 22 de maio, sobre sobre a falta de distanciamento mínimo entre trabalhadores e a ausência de identificação de funcionários que fizeram contato com colegas que apresentavam sintomas ou suspeita de coronavírus. A autuação foi feita por três auditores fiscais do trabalho que sugeriram o encaminhamento do relatório à Procuradoria do Trabalho. Agora, a tendência é que o Cerest represente para que empresa faça a testagem dos funcionários e seus familiares.
— O que sabemos é que diante de sintomas gripais, os funcionários eram afastados e logo colocavam outro no lugar. Não é suficiente para ter 100% de garantia que o vírus não irá se expandir. Iremos solicitar via documento que o teste seja, no mínimo, com trabalhadores e os familiares deles. A empresa mesmo aponta que possui trabalhadores de diversas regiões da cidade — afirma Silva.
O temor é que a falta de ação diante deste primeiro surto possa afetar a classificação de risco de contágio em Caxias do Sul, conforme o sistema de bandeiras elaborado pelo governo estadual. A Serra permanece na classificação de risco médio, ou seja, bandeira laranja. Este nível permite que o comércio e a indústria, entre outros setores da economia, permaneçam abertos.
CONTRAPONTO
Responsável pelo frigorífico de Ana Rech, a JBS emitiu um comunicado e destacou o afastamento de trabalhadores com indicação médica. Confira a nota completa:
"A JBS informa que desde o início da pandemia no Brasil tem se pautado pelo absoluto foco na saúde, segurança e proteção dos seus mais de 130 mil colaboradores para o enfrentamento à covid-19 em todas suas unidades.
Tão logo teve a confirmação do primeiro caso de covid-19 em sua planta de Ana Rech (RS), a empresa seguiu com todas as medidas previstas em seu protocolo - afastando todos os casos com indicação médica e monitorando 100% dos demais colaboradores. Entre as medidas previstas também estão a desinfecção geral da unidade.
A companhia vem atuando em conjunto com as autoridades públicas e suas ações seguem as recomendações dos órgãos de saúde e também do protocolo dos Ministérios da Saúde, Agricultura e Economia. A JBS contratou especialistas do Hospital Albert Einstein e de médicos infectologistas para apoiar na construção das medidas de prevenção e na proteção aos seus colaboradores."