Um passo na adaptação à nova realidade. É assim que os proprietários de academias de Caxias do Sul projetam a volta das atividades nesta quarta-feira (22). O entendimento é que, após um mês de isolamento, a população já entendeu a gravidade da pandemia de coronavírus e aprendeu sobre as medidas de prevenção. Desta forma, a reabertura não será uma retomada da normalidade. O ramo estava fechado desde o dia 19 de março, quando as primeiras medidas para evitar o contágio da covid-19 foram decretadas.
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— Ficamos um mês fechados e a maioria da população também ficou em casa. Agora, é preciso voltar a movimentar (a cidade) com todas as precauções e, assim, diminuir os riscos. Nos primeiros dias, será um processo de adaptação e orientação. Estamos cautelosos — garante Raul Neukamp Júnior, da Pranadar Aqua e Fitness.
Mesmo antes da publicação do novo decreto, nesta terça-feira (21), os empresários do ramo fitness estudavam alternativas e medidas para tornar as academias mais seguras. Máscaras, borrifadores de álcool gel, toalhas de papel e fitas para manter a distância entre alunos devem compor o novo ambiente.
— Será uma volta gradativa. Estes primeiros dias são um teste para toda a cidade. Conforme comportamento de todos e números (de casos de coronavírus) iremos nos adaptando. Nossa reabertura será dentro de todas as orientações do que é seguro. Qualquer empresa, acima de tudo, precisará passar confiança. Se o cliente não sentir confiança, ele não irá voltar. apesar de perdas financeiras amargas, não podemos esquecer que trabalhamos com saúde —ressalta Nádia De Toni, da Performa Academia.
Os empresários reforçam que, para além dos compromissos financeiros com folha de pagamentos e contas a pagar, há uma demanda reprimida. As pessoas estão estressadas pelo isolamento e querem se exercitar. Inclusive, houve até quem buscasse matrículas diante de tanto tempo parado.
— Academia é uma questão de saúde também. Se mantendo ativa fisicamente, a pessoa fica mais forte e combate melhor bactérias e vírus. Principalmente, as pessoas se sentem melhores. Academia é importante, e acho que demorou para ser liberado. Claro, todos precisam ter cuidado, evitar aglomerações e seguir a risco as restrições. Pelo menos, nosso setor começa a andar de novo — exalta Eduardo Bohrer, da Bohrer Sports.
Menos interação e mais rigor com horários
A expectativa é de que a reabertura seja autorizada de forma semelhante ao feito em Farroupilha, onde os atendimentos são permitidos no formato personal trainer e sob agendamento desde a semana passada. O clima descontraído e de conversas entre os exercícios terá que ser substituído por séries objetivas e respeito ao horário.
— A memória afetiva é de ajuntamento e aulas divertidas, o que agora deve ser limitado. O que precisa acontecer é se adaptar ao novo normal. O primeiro passo é limitar o número de clientes e fazer o acesso por agendamento, mas acredito que será tranquilo. Na nossa academia, contamos com um aplicativo para reservar as atividades com 24 horas antes, então é algo que já está na rotina dos nosso clientes — comenta Nádia.
— Antes, atendíamos 1,2 mil pessoas em uma noite cheia. Agora, iremos refazer este cálculo. Se for uma pessoa a cada quatro metros, será cortado (o acesso) pela metade, no mínimo. Teremos que separar bem as aulas e orientar os alunos. Tínhamos muitos que ficavam três horas na academia, agora teremos que restringir o horário para uma hora, pelo menos nesse início — concorda Bohrer.
Ainda não há uma definição sobre aulas coletivas, como danças aeróbicas e sessões de bicicleta, e os empresários acreditam que dependerá do espaço e ventilação disponível em cada academia. Sobre aulas de natação e hidroginástica, também não há respostas, mas o proprietário da Pranadar acredita no retorno dentro das piscinas.
— Com base em outros centros, a piscina será liberada, mas com algumas particularidades. Desde a redução de alunos e ordem das raias, até a limpeza das escadas de acesso e uso de chinelo. Também é recomendado usar o mínimo de aparelhos nas aulas. O que não deverá ser permitido é banho (no vestiário) após natação — aponta Neukamp.
Entre o desejo das pessoas em sair de casa e o receio com o novo coronavírus, a expectativa é que o movimento nas academias seja reduzido nas primeiras semanas. Ainda assim, os empresários comemoram poder voltar à atividade e reduzir prejuízos. Neste período fechados, as academias tem negociado descontos, prorrogado contratos e realizado aulas virtuais para manter o vínculo com clientes.