Com o total de energia elétrica desviada por moradores de Caxias do Sul no ano passado seria possível abastecer um município como Pinto Bandeira por um ano. A comparação considera a população estimada pelo IBGE para a cidade em 2019, de 3 mil habitantes, a média de três pessoas por domicílio e o consumo médio de 150 quilowatts por hora ao mês para cada residência. O dado sobre as ligações clandestinas e fraudes foi divulgado pela RGE que distribui energia para 65% do Estado.
De acordo com a concessionária, em 2019, as equipes de fiscalização realizaram 7.995 inspeções para combater fraudes e furtos de energia em Caxias. Nestas operações, foram detectadas 2.383 ligações irregulares.
A energia recuperada chega a 2.142,3 megawatts por hora, o suficiente para abastecer 1.190 residências por 12 meses. Em toda área de concessão da empresa, que inclui 2,9 milhões de clientes de 381 municípios nas regiões Metropolitana, Serra, Planalto, Noroeste, Missões, Central, Fronteira Oeste e vales do Rio Pardo, Taquari, Paranhana e Caí, foram detectadas 23,3 mil ligações irregulares em operações realizadas durante o ano passado a partir de 133 mil inspeções. Ou seja, Caxias concentrou 10% das irregularidades do Estado.A energia recuperada na soma das ações em todos os municípios chega a 53,3 mil megawatts por hora,o suficiente para abastecer 29 mil casas por um ano – o equivalente a cidades como Esteio, Alegrete e Farroupilha.
As inspeções são realizadas a fim de evitar problemas na rede de distribuição de energia e garantir a segurança da população.
A prática mais comum entre as irregularidades encontradas é a ligação direta na rede para o furto de energia, conhecida como “gato”. Em muitos locais, as equipes também identificam fraudes nos medidores. Com isso, apenas parte da energia consumida passa pelo leitor e a conta de luz não corresponde ao que realmente foi consumido. As fraudes e furtos de energia são crimes previstos no Código Penal e a pena pode variar de um a quatro anos de detenção. Em 2019, 70 pessoas foram presas em flagrante nas operações da RGE em parceria com a Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio e Serviços Delegados, da Polícia Civil, e a Brigada Militar. Destas, oito em Caxias.
Segundo o gerente de Serviços de Recuperação de Energia da RGE, Danillo Ferreira Lelis, combate às fraudes nas ligações de energia é contínuo e, quando identificada, a distribuidora também cobra os valores retroativos referentes ao período em que ocorreu o furto.
– Primeiro, as ligações irregulares trazem um risco muito grande com relação a forma como são executadas. As pessoas não têm os equipamentos, procedimentos e EPIs (equipamentos de proteção individual) necessários para poder fazer essas ligações. Segundo, é crime. Os clientes que buscam esse tipo de solução incorrem em crime que pode levar de um a quatro anos de detenção. Fere não só a RGE,como distribuidora de energia, como, também, os outros clientes porque parte da perda é repassada na tarifa. E fere o Estado que deixa de recolher ICMS – avaliou Lelis.
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