O resultado da votação que acolheu o processo de impeachment do prefeito de Caxias do Sul, Daniel Guerra (Republicanos) por 14 votos a oito foi um golpe para o governo. O líder na Câmara, Renato Nunes (PR), não escondeu a decepção, citando nominalmente Arlindo Bandeira (PP) e Edi Carlos Pereira de Souza (PSB), que eram próximos da administração. Foi uma referência ao tradicional "toma-lá-dá-cá".
Ainda na terça-feira (8), Nunes reagiu diante da declaração de Bandeira de que votaria a favor da admissibilidade da denúncia.
— O senhor foi atendido em diversas situações, o senhor vai votar agora politicamente, de birra e de mágoa. Não é justo, não é justo.
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Nesta quarta-feira (9), Nunes acabou complicando mais a relação com os dois vereadores.
— Se algum dia o senhor se candidatar a prefeito, tomara que o senhor consiga fazer tudo. Aí eu quero ver, porque a maioria dos vereadores aqui já foram secretários, já foram presidente de autarquia, já foram subprefeitos, já tiveram três mandatos e vocês sabem que não dá para fazer tudo. Agora, o que não dá também é quando você não for atendido em alguma coisa ficar magoado, ficar magoadinho e votar por causa de mágoa. Isso aí que não dá. Eu sou sincero, falo o que penso e sou franco, curto e grosso, aquela sua justificativa de ontem (terça-feira), de ter votado em favor do processo do impeachment porque não foi atendido em algumas demandas, não ficou legal — disse Nunes para Bandeira.
O líder de Guerra acrescentou:
— O senhor já teve várias demandas que foram contempladas, muito mais do que este vereador aqui, na condição de líder do governo. O senhor e o Edi Carlos, não sei qual dos dois teve mais solicitações atendidas aqui.
Embora saiba-se que a troca de apoio político por atendimento às demandas de parlamentares exista em todo lugar, vale lembrar que Guerra sempre discursou em alto e bom som que não haveria essa prática em seu governo.
Ofensivo
Elói Frizzo (PSB) reagiu, dizendo que o atendimento às demandas não era moeda de troca e que a obrigação da prefeitura é encaminhar as solicitações enviadas pela Câmara. Considerou uma ofensa a fala de Nunes a Bandeira e Edi Carlos.
— Porque trocou a lâmpada na frente da minha casa eu tenho que votar contra o impeachment do prefeito? O que é isso? Onde é que está a legitimidade de cada vereador? A soberania de cada vereador manifestar as suas opiniões? — reagiu Frizzo.
Nunes tentou contornar. Disse que não estava atacando ninguém, apenas frisando que o governo não vai conseguir fazer tudo.
— Demandas atendidas do Executivo de alguns vereadores não são moeda de troca, nunca foram — disse.
Relações estremecidas
Na terça-feira, Bandeira disse que em um primeiro momento foi atendido em algumas demandas, mas, depois, "por uma causa ou outra", foi cortado. Acrescentou que estava sendo cobrado por sua comunidade. Citou, por exemplo, o Projeto Conviver. Nesta quarta, ele falou sobre a necessidade de contêineres em São Luiz da 6ª Légua. Bandeira é de Santa Lúcia do Piaí.
— Já que me provocou, nós precisamos rever algo do prefeito Guerra, sim, o que está errado. E muitas coisas estão erradas — respondeu Bandeira a Nunes.
Edi Carlos não escondeu que se sentiu ofendido.
— O que ele (Nunes) falou aí, como o vereador Elói disse, ofendeu nós, vereadores.
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