As eleições gerais de outubro encaminharam o futuro de políticos caxienses tradicionais e novatos para o próximo ciclo eleitoral, nos dois anos até a próxima eleição. Baseado no resultado das urnas e na exposição de cada um, o Pioneiro distribuiu os principais nomes da política em quatro "guarda-chuvas": quem continua, que se fortalece, quem surge e quem se recolhe _ pelo menos temporariamente.
Quem se recolhe
Com mais de 40 anos de vida pública, o governador José Ivo Sartori (MDB) é a principal figura da política da região. Porém, a derrota para o governador eleito Eduardo Leite (PSDB) interrompeu a sequência da exitosa carreira do emedebista até aqui. Sartori vinha de uma série de quatro mandatos consecutivos: deputado federal (2002), prefeitura de Caxias do Sul (2004/2008) e governador (2012).
A tendência é de que concorra ao Senado em 2022. Até lá, se recolhe do cenário político em mandato eletivo. Junto com Sartori está o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT). Concorrendo a uma cadeira à Câmara Federal, pedetistas faziam projeção de que faria entre 90 mil e 100 mil votos, mas ele obteve 40.489 mil votos. A derrota machucou o pedetista. Ele está no time dos que se recolhem.
O ex-deputado federal Mauro Pereira (MDB) e o ex-deputado estadual Vinicius Ribeiro (PDT), derrotados nas urnas, estão no guarda-chuva dos que perderam espaço e também se recolhem. Sem mandato, a única opção para os dois se manterem na vitrine é assumirem cargos de terceiro escalão. No ano passado, o pedetista ganhou cargo de coordenador-geral da bancada na Assembleia. Também sem mandato, Mauro foi assessor parlamentar de Furnas junto ao Congresso Nacional antes da eleição. Agora ocupa cargo de Assessor Especial do Gabinete Pessoal do Presidente da República até dia 31 de dezembro. São recompensas pelo apoio irrestrito a Michel Temer.
A situação mais critica é a do ex-deputado federal Assis Melo, do PCdoB. Ele reduziu pela metade sua votação: em 2014, foram 45.247, e agora, apenas 21.328 votos. Além disso, a sigla não alcançou a cláusula de barreira _ mínimo de 1,5% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos nove Estados. Em decorrência, no início do mês, definiu a fusão com o PPL, do ex-candidato a presidente João Goulart Filho. Assis tem intercalado candidaturas a deputado federal e a prefeito, mas sem êxito.
Quem continua
Apesar de viverem momentos distintos, dois políticos se enquadram no guarda-chuva "quem continua" no cenário. Pepe Vargas (PT) deixará à Câmara dos Deputados, mas garantiu nova mandato, agora na Assembleia. Presidente estadual do PT, o ex-prefeito pretende dedicar-se a pautas como as finanças públicas do Estado, saúde, educação e recuperação das estradas da região.
O braço direito e chefe de Gabinete do governador Sartori, Carlos Búrigo (MDB), saiu derrotado das urnas com 34.322 votos, mas como primeiro suplente e com o melhor resultado entre os emedebistas caxienses. Búrigo fez apenas 11.073 em Caxias, mas, desde já, é o nome preferencial do partido à prefeitura em 2020.
Quem se fortalece
Os vereadores Adiló Didomenico (PTB) e Paula Ioris (PSDB) se enquadram no guarda-chuva dos que se fortalecem, apesar de a votação de ambos ter ficado abaixo do esperado. Adiló concorreu a deputado estadual e obteve 23.723 votos. Em Caxias, fez 19.799 deles. A tucana disputou uma cadeira de deputada federal e conquistou 25.005 votos. A votação de Paula em Caxias foi menor do que a de Adiló _ 19.283. A dobradinha vitoriosa do governador eleito Eduardo Leite (PSDB) e o vice Ranolfo Vieira Júnior (PTB) reforça ambos os nomes para a eleição de 2020.
Vereador em segundo mandato, Neri, o Carteiro (Solidariedade) foi eleito deputado estadual com 27.808 votos. A vitória de outubro o conduziu a outro patamar e fortaleceu o nome no cenário político caxiense. A partir do ano que vem, o desafio de Neri será manter a aproximação com seus eleitores trabalhando em Porto Alegre. Mesmo com a ascensão, não é um nome natural para a prefeitura em 2020, pois deve consolidar-se como alternativa política.
Quem surge
Já as novidades que surgem no cenário político são a vereadora Tatiane Frizzo (Solidariedade), que assume a vaga de Neri na Câmara agora em janeiro, e o ex-candidato a deputado federal Mauricio Marcon (Novo). Primeira suplente, Tatiane recebeu 769 votos na eleição de 2016. Ela terá dois anos para mostrar trabalho nas áreas da saúde, mobilidade urbana, combate à violência doméstica e incentivo ao turismo, suas bandeiras.
A eleição de outubro deixou Marcon como primeiro suplente a deputado federal, com 11.003 votos. Ele ficou de fora da Câmara porque não atingiu os 10% do quociente eleitoral. A regra é questionada pelo Patriota e pelo PSL no Supremo Tribunal Federal (STF), mas não há previsão de julgamento. É um nome que se coloca no cenário político.
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