O Pioneiro começa a publicar esta semana, em ordem alfabética, entrevistas com os candidatos à Presidência. Até a noite de domingo (30), dos 13 postulantes, seis respostas foram formalizadas e enviadas, conforme a solicitação do jornal, e estas serão publicadas ao longo desta semana. Oito temas foram apresentados aos candidatos. O primeiro a responder é Alvaro Dias, candidato do Podemos.
1. Refugiados venezuelanos
"Do ponto de vista do Direito Internacional e da lei brasileira sobre o refúgio, não há o que se questionar em relação à obrigatoriedade do Estado em acolher imigrantes sob a condição de refugiados. O governo federal precisa assumir sua responsabilidade e coordenar uma resposta conjunta e eficiente dos entes federados, notadamente com o Governo de Roraima e a administração da cidade de Boa Vista. O Brasil passa também um momento de crise, com economia em baixa e desemprego em alta. Portanto, em primeiro lugar está sempre o brasileiro. Porém, temos que receber os refugiados da melhor forma possível e oferecer condições e tempo para que se restabeleçam e possam, posteriormente, se acomodar em outro local."
2. Habitação popular
"Meu plano de governo inclui a regularização de 5 milhões de títulos de propriedade de registro de imóveis. Queremos promover o acesso e garantir moradia digna ao cidadão, além de incentivar a aquisição por meio da concessão de crédito facilitada. Também é fundamental aperfeiçoar a gestão e a prestação dos serviços de saneamento básico, assim como garantir a articulação das políticas habitacional e imobiliária com as políticas ambiental e urbana."
3. Criança e adolescente
"Nossa prioridade é assegurar os direitos de crianças e adolescentes. É fundamental promover medidas de proteção com foco na melhoria do sistema educacional. Implementaremos políticas públicas de combate aos abusos, que utilizem mecanismos exitosos de combate à violência doméstica e familiar contra a mulher, previstos na Lei Maria da Penha. Queremos ainda promover a implementação de políticas de atendimento a crianças e adolescentes com direitos ameaçados ou violados."
4. Espera no SUS
"A redução das filas do SUS acontecerá a partir de uma série de ações integradas. É preciso implantar um sistema de gestão moderno e informatizado, desde a marcação de consultas ao retorno do paciente. Para atender aos municípios, vamos criar polos de saúde equipados com Raios X, laboratórios, farmácias populares e profissionais. Estabelecer o prontuário eletrônico que facilitará o controle e a revisão da tabela de procedimentos que vai incentivar a rotatividade. A meta de atendimento é fila zero nas unidades de atenção primária."
5. Bolsa-Família
"Vamos manter o Bolsa-Família, mas aprimorado com a adoção de medidas para estimular o desenvolvimento pessoal que garanta uma “porta de saída” efetiva, na forma de qualificação profissional e empreendedorismo. Também é necessário reformular e integrar todos os benefícios não contributivos – como aposentadoria rural, BPC (benefício de prestação continuada) e programas de assistência social – em um programa consolidado que use o Bolsa-Família como modelo."
6. Geração de empregos
"O meu plano de governo prevê a criação de 10 milhões de empregos até 2022. O fracassado modelo de política econômica e o agudo desequilíbrio das contas públicas dos últimos anos foram determinantes para a grave recessão e os altos índices de desemprego a partir de 2015. É fundamental a adoção de um modelo econômico no qual as bases do tripé macroeconômico (regime de metas de inflação, câmbio flutuante e cumprimento da meta fiscal) sejam restauradas, garanta-se a independência do Banco Central e se abandone a ineficiente e ultrapassada política intervencionista que gerou mais concentração de renda."
7. Combate às drogas
"Segurança e combate às drogas são duas de minhas maiores preocupações. Vou concluir o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) para combater o tráfico internacional de armas e drogas. Intensificarei o controle policial de estradas, portos e aeroportos e priorizarei o policiamento estratégico, voltado para áreas críticas. Por fim, defendo a criação de uma frente ampla de combate às drogas na América Latina. Um pacto entre os países sob a supervisão da Organização dos Estados Americanos (OEA), para definir uma estratégia de prevenção e repressão para os próximos quatro anos.
8. Rio Grande do Sul
"O Rio Grande do Sul vem perdendo espaço na economia brasileira nos últimos 15 anos. A participação do Estado na economia do Brasil caiu de 7,8% para 6,4% do ano 2000 para cá. É o berço gerador de boa parte do agronegócio brasileiro. É necessário um presidente conhecedor das particularidades do Rio Grande do Sul: as indústrias metalúrgica na Serra e na Região Metropolitana, vinícola na Serra e na Campanha, calçadista no Vale do Sinos e Paranhana. O Rio Grande do Sul tem um parque industrial diversificado. Nesse contexto, é imperioso entender as dificuldades advindas de um Estado exportador de commodities. Precisamos estudar como equilibrar e compensar as distorções que a Lei Kandir causou aos principais Estados exportadores. A dívida do Rio Grande do Sul, de R$ 67 bilhões, é a maior dívida estadual, proporcionalmente. Se não tivéssemos feito um esforço muito forte de reforma no Paraná quando fui governador, possivelmente estaríamos em situação parecida. É preciso um esforço dos Estados, mas é preciso que o Governo Federal tenha sensibilidade. A melhoria de condições das rodovias federais, a partir de um programa de concessões, é uma prioridade gaúcha: a BR-290, a BR-386, e a BR-116 precisam de mais trechos duplicados; no caso da 386, toda a sua extensão. Na segurança pública, fundamental investir em tecnologia, integração das polícias, e amplo programa de recuperação do sistema prisional. Presídios como o Central, de Porto Alegre, são um problema para o país.