Depois de uma reunião na tarde desta terça-feira, a prefeitura de Caxias decidiu suspender até novembro a reintegração do prédio do clube de mães Santa Rita de Cássia, no bairro Desvio Rizzo. O município buscava reformar o segundo andar do imóvel para criar 90 novas vagas de Educação Infantil. Uma escolinha já funciona no primeiro piso.
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Após protesto de integrantes de clubes de mães da cidade, porém, o município suspendeu a retomada do imóvel, que tinha prazo previsto até 5 de outubro. O Executivo justifica a reintegração pelo prédio estar em terreno público. Já as mães sustentam que o imóvel, construído em 1992, foi erguido pela comunidade, em terreno doado na gestão do ex-prefeito Mansueto Serafini.
A secretária municipal da Educação, Marina Matiello, esteve no clube de mães Santa Rita de Cássia nesta tarde para ouvir propostas alternativas para a instalação da escola infantil no bairro. De acordo com a vice-presidente da Associação de Clube de Mães de Caxias do Sul (ACMCS), Marlene Panazzolo, vários locais disponíveis para locação foram sugeridos pelas mães, pelo menos seis deles com estrutura considerada ideal para receber uma escolinha.
— Ela (a secretária) vai rever os locais que foram indicados, e então vai ser feita outra avaliação. Por enquanto, momentaneamente, está suspenso o pedido de desocupação, e para novembro a gente vai novamente reunir as pessoas envolvidas, para ver o que surge de positivo.
Outra ideia, vinda de um morador do bairro, também foi apresentada. Quando a prefeitura anunciou que pretendia retomar o prédio do clube de mães, no dia 14 de setembro, a justificativa usada foi o déficit de 550 vagas de Educação Infantil no bairro e a "impossibilidade de compra de novas vagas em escolas particulares".
O presidente do Conselho de Pais e Mestres da Escola de Ensino Fundamental Professora Leonor Rosa, Deivid Ilha, por outro lado, disse ter realizado um levantamento em escolas próximas. Segundo ele, há 268 vagas em instituições particulares, disponíveis para compra.
— E eu fui só na região central do bairro, no entorno do clube de mães. Acredito que se fizesse esse levantamento em toda a área, acabaria o déficit — aponta.
O morador, que também tem um filho de três anos em escola particular por não ter conseguido vaga na rede pública, afirma ter consultado diretamente as diretoras das oito instituições onde haveria vagas. Sete delas, inclusive, já teriam cadastro com a prefeitura.
Conforme a vice-presidente da CMCS, Marlene Panazzolo, o município também ficou de avaliar a possibilidade de comprar novas vagas. O Pioneiro tentou contato com a secretária da Educação Marina Matiello durante a tarde desta terça-feira, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
ATUALIZAÇÃO: a Secretaria da Educação divulgou nota às 18h58min desta terça-feira confirmando que o pedido de desocupação do prédio do clube de mães está suspenso "até que se encontrem novas soluções para sanar o déficit de vagas para as crianças da região".
Na nota, a secretária Marina Matiello diz que o município pode "comprar somente as vagas de escolas credenciadas, ou seja, oferecidas pela instituição de ensino interessada, conforme contrato. Mesmo que ainda existam vagas para serem compradas, o chamamento é feito pela Smed de acordo com a ordem da lista de espera e a vulnerabilidade”. A previsão é de que até o final do ano seja lançado um novo edital para a compra de vagas.