Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), Júlio Flores (PSTU) e Roberto Robaina (PSOL) participaram na noite desta quinta-feira de painel organizado pelo Parlamento Regional, na Universidade de Caxias do Sul, em Farroupilha. Os candidatos apresentaram propostas para as áreas da saúde, educação, segurança, finanças e infraestrutura.
José Ivo Sartori (MDB), Mateus Bandeira (Novo) e Miguel Rossetto (PT) foram convidados, mas não compareceram porque tinham outras agendas no mesmo horário.
O segundo tema foi educação. Veja o que eles responderam:
Como pretende resolver a degradação da educação?
Eduardo Leite: Em Pelotas, nós somos o sétimo município com maior evolução entre 2013 e 2015, entre todos os 497 municípios do Estado. Aumentou 23% nosso Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Nós temos de usar os indicadores como instrumentos de gestão. O Ideb não é apenas uma nota que diz "olha, tá 3,4, no Brasil". Você vai escola por escola e identifica proficiência em matemática, proficiência em português no quinto ano. Nós pegamos o indicador de cada uma das 90 escolas de Pelotas e, em cima de cada uma delas, identificamos as causas para aqueles indicadores. Desenvolvemos um plano de ação ambiental com todos os investimentos para garantir avanço naqueles indicadores. Outra ação importante: educação infantil. Os municípios estão aí sofrendo para conseguir atender a demanda do plano educação infantil, que é importante para a criança chegar alfabetizada no primeiro ano. O Estado tem de ser e será apoio para garantir as obras que estão em andamento em creches. Dando apoio para estruturar essa importante tarefa do município. Nós vamos discutir com os municípios a migração das séries iniciais que estão sob gerenciamento do Estado, para os municípios, e muita parceria com os professores e diretores de escolas. Com capacitação e proximidade, temos formas alternativas para serviços de educação.
A carreira do magistério estadual vem se tornando pouco atrativa para os jovens. As dificuldades enfrentadas acabam por desmotivar a procura por essa profissão essencial. Caso eleito, o que o senhor pretende fazer para modificar essa situação?
Roberto Robaina: Primeiro, tem de pagar em dia o servidor público. Não pagar é desestimular e tem um impacto recessivo em todo o Estado. Essa decadência não chegou ainda nas universidades, mas está chegando. Quando nós olhamos o quadro salarial dos professores, é lógico que a situação não é boa. Além dos professores serem desrespeitados, os governadores, em geral, isso é o que tem ocorrido, responsabilizam os servidores pela crise. E quando responsabilizam os servidores, quando 90% são professores ou policiais, eles estão responsabilizando professores ou policiais. É uma categoria desassistida. É preciso garantir também o piso salarial, respeitar o plano de carreira do magistério. Os professores tem uma remuneração baixíssima, mas têm disposição. A escola é um lugar quase de resistência, ele trata de resolver os problemas que trazem de casa. Portanto, priorizar a educação é fundamental.
Como o candidato pretende promover, através da educação, a consciência sobre protagonismo enquanto indivíduo, frente a sua existência plena e integrada?
Jairo Jorge: Através da educação que chegamos ao desenvolvimento. Todas as nações fortes e desenvolvidas investiram de forma consistente na educação. Há 60 anos, aquelas escolas de madeira simples semeadas pelas nossas cidades... nós chegamos ao primeiro lugar no pódio da educação nacional. Hoje, se olhar no Ideb, nós somos o 12º lugar. Portanto, é preciso de uma segunda revolução educacional. Portanto, caberá aos jovens o grande desafio de sustentar o nosso Estado. Educação criativa, pedagogia da inovação. Nós temos de ter tecnologia dentro da sala de aula. Temos de valorizar nosso professor com diálogo. Nós temos de ter capacidade de recuperar a infraestrutura dentro das nossas escolas. Nós temos de ter investimento na formação dos nossos professores para que a gente possa oferecer educação de qualidade, emancipadora, uma educação que trabalha virtudes, empreendedorismo. Nós temos de preparar o jovem para o mundo. Eu proponho fazer isto criando um fundo da educação, tornando o Banrisul ainda mais lucrativo e investindo no nosso fundo de educação.
Considerando processo de mercadorização da educação que está em curso, com os grandes grupos educacionais, que cotam os estudantes das redes de ensino superior públicas, e que não geram empregos na região que se instalam. Como como o senhor candidato vai operar com tal desafio?
Júlio Flores: A educação não pode ser mercadoria. Infelizmente, a rede privada de educação, está de olhos nesta fatia de alunos. O plano nacional de educação prevê um processo privatista que se baseia na meritocracia e no ataque aos direitos dos trabalhadores. Nós precisamos de uma rede pública forte. O governo federal está desenvolvendo um processo de uma reforma no ensino médio que vai se ensinar, até o terceiro ano, apenas português e matemática. Quando se sabe que os alunos precisam de uma formação integral, que além de compreender este aspecto, é preciso que tenha conhecimento de história, de filosofia, das artes. A educação no Rio Grande do Sul está sendo destruída, desmontada. E isso vai reforçar a destruição. Os professores não têm dinheiro para dar aula. É preciso ter um projeto educacional que dê uma formação integral ao filho dos nossos trabalhadores.