A (falta de) qualidade do serviço de telefonia móvel é tema recorrente no debate público. Em Caxias, as operadoras do setor não deixam as primeiras posições no ranking mensal de reclamações do Procon. Em 2013, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul chegou a abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Telefonia, investigando os problemas do serviço. Entre os temas tratados, estava a falta de sinal na zona rural.
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Parte 1: Interior de Caxias do Sul segue sem sinal de telefonia móvel
Parte 2: Sem sinal de celular, moradores de distrito de Caxias investem na compra de antenas
Parte 4: Mudança na lei seria necessária para instalação de novas antenas de celular no interior de Caxias
O coordenador do Procon Caxias, Luiz Fernando Horn, lembra que na época a entidade enviou um dossiê com o mapeamento da cobertura em Caxias.
— E embora a gente não tivesse recurso na época para contratar uma empresa, nós tomamos uma iniciativa muito simples. Disponibilizamos aqui murais com o mapa de Caxias, e pedimos para a população que viesse até o Procon e marcasse com canetinha, com uma cor para cada operadora, a localidade em que não havia cobertura — lembra.
Uma das consequências da investigação, talvez a principal para Caxias, foi a instalação da antena em Criúva, em 2016. Hoje, o distrito mais distante do centro da cidade (cerca de 43 quilômetros) parece mais próximo.
— Era uma reivindicação muito antiga. Para a gente que tinha comércio, ficava difícil ligar para os fornecedores. Faz muita diferença. Agora, a gente gostaria que viesse outra operadora, porque como aqui é um refúgio turístico, o pessoal que vem da cidade têm operadoras diversas — almeja o comerciante Marcos Lorandi, 58 anos.
A chegada do sinal mudou a rotina de todos os que vivem no distrito. Conforme o subprefeito Gilmar Baschera, o serviço de manutenção ficou muito mais ágil, já que os servidores podem se comunicar nas estradas. Para quem mora no interior, a economia de tempo é imensa, segundo o avicultor Evandro Rech, 46.
— Tu está no aviário e, para o trabalho, precisa muito (do telefone), tem sempre que estar em contato com o veterinário, com a empresa (que compra os frangos). Às vezes, eles ligavam e não tinha ninguém em casa, ficavam sem saber. Ajudou bastante — avalia o morador da localidade de Santa Catarina.
Agora, ao entrar no aviário, Rech deixa o celular em uma prateleira de madeira ao lado da porta, para que possa ver qualquer notificação. Nas horas de descanso, aproveita para ver vídeos enviados pelos amigos.
— A gente acaba até falando mais com as pessoas da família, que moram aqui perto — aponta.
Mas nem tudo é perfeito: há comunidades mais distantes onde o sinal ainda não chega. Uma delas é a Linha Marmeleiro, que fica em uma baixada próximo ao limite com São Marcos. Ali, segundo vereador Arlindo Bandeira, mais de 300 pessoas já se manifestaram em abaixo-assinado pela expansão do serviço.
— Vamos ter que fazer algo ali, não sei se chamar as operadoras, ou o quê. Porque a antena de Criúva está na área central, mas em muitas comunidades não pega — considera.