Os pré-candidatos para o pleito de outubro encontraram uma maneira de fazer campanha antes do período permitido pela justiça eleitoral. Com 52 dias de campanha para a disputa do primeiro turno e 35 dias para a propaganda gratuita no rádio e na tevê, os pré-candidatos ao Governo do Estado têm percorrido as principais cidades do Rio Grande do Sul em eventos partidários realizados em sindicatos, universidades e clubes. A medida é a alternativa encontrada para ganhar tempo, já que o período oficial para campanha é mais curto neste ano.
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a campanha inicia no dia 16 de agosto e termina na véspera da votação, 6 de outubro. Já no rádio e na tevê, começa no dia 31 de agosto e termina em 4 de outubro.
Em uma pesquisa nas redes sociais dos 10 pré-candidatos ao Governo do Estado, oito deles – Abigail Pereira (PCdoB), Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), Júlio Flores (PSTU), Luis Carlos Heinze (PP), Mateus Bandeira (Novo), Miguel Rossetto (PT) e Roberto Robaina (PSOL) – expõem suas atividades de campanha na internet e nas ruas. Eles chamam as atividades com os eleitores de agenda, plenária, roteiro e roda de conversa.
Outra medida usada pelos pré-candidatos para marcar cada candidatura é a utilização de uma ou mais hashtags nas publicações nas redes sociais, provavelmente para marcar os slogans que serão usados durante a campanha.
Abigail utiliza a #SonhoseLutas. Leite escreve #RioGrandeDaGente. Já Jairo Jorge usa a #RStemSolução e Heinze utiliza a #oriograndetemjeito. O pré-candidato Mateus Bandeira escreve #vamosrenovartudo e Rossetto usa #MudarEVencer. A agenda do pré-candidato do PSOL é Roberto Robaina pelo Rio Grande.
Dois postulantes não têm agendas de campanha explícitas na internet. O governador José Ivo Sartori (MDB), candidato à reeleição, utiliza o Facebook apenas para comunicar ações da sua gestão à frente do Piratini. Já Luiz Fernando Portella (PMB) não faz nenhuma referência a sua pré-candidatura.
Como atuam os deputados federais
O deputado federal Pepe Vargas (PT) e os dois suplentes de deputado, Assis Melo (PCdoB) e Mauro Pereira (MDB) – que ocuparam parte do mandato nesta legislatura, têm utilizado de maneira diferente suas redes sociais.
Pepe, que na eleição de outubro irá concorrer a deputado estadual, dedica-se a criticar as ações do governo Michel Temer (MDB) e a defender a inocência do ex-presidente Lula. A única referência a sua candidatura à Assembleia é o pedido de doação financeira para a campanha.
Já Assis e Mauro têm publicações na internet mais explícitas. O comunista tem se dedicado a visitas e entrega de panfletos em portas de fábricas, participado de eventos comunitários e visitado famílias de apoiadores. Assis também usa as redes para mostrar o trabalho realizado na Câmara Federal e os valores de emendas parlamentares destinados às cidades de sua base eleitoral. Ele também tem utilizado as hashtags: #EumDeNos, #AssisTrabalhador e #avozfortedostrabalhadores em suas publicações.
O emedebista criou dois selos para sua pré-campanha e utiliza no Facebook: Túnel do Tempo e Mauro Pereira é Trabalho relembram ações realizadas quando ocupou o cargo de secretário de Obras do então prefeito Sartori, de 2005 a 2008. Ele também apresenta os recursos de emendas destinados a prefeituras e entidades da Serra e de outros municípios de sua base eleitoral. Mauro ainda tem participado de eventos.
Especialista diz que agendas são campanhas antecipadas
Para o advogado especialista em direito eleitoral João Henrique Leoni Ramos não é um erro chamar as atividades dos pré-candidatos de campanha antecipada.
Segundo ele, a legislação garante a realização de promoção pessoal e a distribuição de panfletos, por exemplo, é uma maneira de divulgação do trabalho do agente político.
– É uma linha muito tênue. A interpretação cabe ao Ministério Público Eleitoral. A lei diz que pode fazer promoção pessoal e os políticos são obrigados a dar publicidade aos atos púbicos.
Ramos questiona a origem do dinheiro gasto nas viagens, com o pagamento de estadias em hotéis e da impressão de materiais de divulgação durante o período pré-campanha. Segundo ele, não existe a fiscalização durante esse período por falta de servidores.
– Quem está pagando essas despesas? É dinheiro do fundo partidário, das contribuições partidárias? Não é ilegal, mas quem paga a conta – questiona.
O especialista em direito eleitoral lembra que a fiscalização das contas inicia somente após o candidato ter o número do CNPJ e a conta bancária da campanha, mas ressalta que as contribuições online (as vaquinhas) pré-campanha são legais e serão fiscalizadas. Ramos lembra ainda que os eventos eleitorais como jantas e almoços das candidaturas também devem ser incluídos na conta da campanha e todos os participantes devem receber o comprovante de doação eleitoral no valor de ingresso.
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