As famílias acolhedoras e o apadrinhamento afetivo de crianças e adolescentes, que haviam sido encerrados há alguns anos, voltarão a ser oferecidos em Caxias do Sul. O edital lançado nesta sexta-feira (4) pela Fundação de Assistência Social (FAS) vai selecionar uma entidade que ficará responsável pelos dois serviços.
Atualmente, o acolhimento de crianças e adolescentes em Caxias é feito em três abrigos com 20 vagas cada, mas que frequentemente operam um pouco acima dessa capacidade, e também em casas lares com até oito vagas. No momento, há 101 crianças e adolescentes em abrigos e 88 em casas lares em Caxias do Sul.
Já no formato de família acolhedora, em cada lar fica apenas uma criança. O número só pode ser maior no caso de haver irmãos que precisam ser acolhidos. Conforme a FAS, esse serviço é voltado a crianças e adolescentes afastados temporariamente da família de origem por medida judicial.
O período de permanência é de até dois anos, com possibilidade de reavaliação para prorrogação do período. As famílias que desejam acolher deverão se cadastradar e ser aprovadas pela entidade e pela FAS.
Já no apadrinhamento afetivo, a criança ou adolescente não mora com o padrinho, que é alguém que, por exemplo, sai para passear com a criança ou adolescente no fim de semana, acompanha atividades do afilhado na escola e pode receber em alguns momentos a criança ou adolescente em casa.
Existem ainda as modalidades de padrinho provedor, que financia campanhas de lazer, esportivas e educativas, e também o padrinho prestador de serviço. Conforme a diretora de Proteção Social Especial de Alta Complexidade da FAS, Eler de Oliveira, um exemplo desse tipo de padrinho é o que conserta uma máquina de lavar em um serviço de acolhimento, por exemplo. Quando é necessário, ele se dispõe a fazer o trabalho.
Eler comenta que a ideia da FAS é aumentar o acolhimento em que há uma relação familiar e mais próxima. Ela observa que, num abrigo, a relação é mais institucional, e a criança ou adolescente pode acabar não compreendendo a rotina real de uma família - como, por exemplo, nas tarefas domésticas diárias, conhecer as despesas da casa e participar da vivência familiar em geral. O abrigo, conforme ela, é um modelo que, a longo prazo, deverá ser desativado, dando lugar a essas outras modalidades.
O titular do Juizado da Infância e da Juventude de Caxias do Sul, Leoberto Brancher, analisa que a tendência ao longo do tempo é que o acolhimento se torne mais próximo da criança ou do adolescente.
— Vamos pensar que, antigamente, nós tivemos aquele modelo dos grandes internatos, onde os meninos eram levados para morar, com 100, 150 internos. Em 1990, o estatuto projetou uma redução disso; criamos os abrigos, já com uma concepção de transitoriedade. Disso, se evoluiu para as casas lares, que são uma concepção mais familiar, com os pais sociais, e de seis a oito crianças. E com a família acolhedora, estamos em um processo progressivo para trazer a situação mais para perto da realidade, da vida, que é a família —comenta.
Brancher também faz um pedido à comunidade para que as pessoas se candidatem ao apadrinhamento afetivo e participem do sistema de acolhimento.
A entidade selecionada para administrar os serviços em Caxias do Sul terá de fazer a seleção de 12 famílias acolhedoras e buscar a meta de 60 pessoas para apadrinhamento afetivo.
Para as entidades interessadas em administrar os serviços em Caxias, a documentação deve ser entregue no dia 04 de junho entre as 14h e as 16h na sala de licitações da FAS, na rua Os Dezoito do Forte, 423, bairro Lourdes.