Mais de 7 milhões de pessoas morrem anualmente por doenças decorrentes do uso de tabaco no mundo, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 200 mil óbitos por ano. Essas cifras persistentes motivam a campanha do Dia Mundial sem Tabaco, celebrado nesta quinta-feira.
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O tabagismo é associado mais frequentemente ao câncer de pulmão, mas também tem relação com aproximadamente 50 enfermidades. Neste ano, a OMS alerta para a associação do fumo com complicações cardiovasculares, que podem culminar em acidente vascular cerebral (AVC) e infarto.
Já em Caxias, a prefeitura associou a data ao Maio Vermelho, campanha de prevenção ao câncer de boca. Conforme Adriana Demathe, doutora em Estomatologia e professora de Odontologia do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) que atende no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) de Caxias, mais de 90% dos tumores na boca e na orofaringe — parte da garganta logo atrás da boca — são provocados pelo tabagismo.
— A pessoa que fuma, dependendo da quantidade de cigarros, tem de seis a 16 vezes mais chance de desenvolver câncer de boca do que quem não fuma. Se a pessoa beber (bebidas alcoólicas), aumenta o risco ainda mais — explica.
Adriana relata que costuma atender cerca de um paciente com câncer de boca por mês. Em maio, mês da campanha de prevenção, já foram quatro:
— Essas campanhas são extremamente importantes para alertar a população. Esses quatro últimos pacientes, inclusive, já estão em estágio grave. A pessoa às vezes até sabe que o tabaco faz mal, mas não sabe como o câncer se expressa inicialmente.
A detecção precoce é crucial para a cura da doença. Segundo a cirurgiã-dentista, o próprio paciente pode fazer o autoexame. É só verificar a parte interna da boca, em frente a um espelho, e procurar por qualquer mancha branca, caroço ou ferida. Caso o sintoma não desapareça em até duas semanas, pode ser sinal de tumor.
— Fazendo isso com uma certa frequência, a pessoa vai perceber qualquer alteração — aponta Adriana.
A maneira mais eficaz de prevenção, porém, é deixar de fumar o quanto antes. Em dois dos últimos casos atendidos pela dentista, os pacientes haviam deixado de fumar há quatro anos e mesmo assim foram vítimas da doença.
— Não existe risco zero, porque há o fator genético. Mas a grande maioria tem (o câncer) pelo tabaco e o álcool. E demora de quatro a cinco anos para a pessoa se ver livre de todos os fatores danosos do cigarro. Antes desse período, a pessoa não é considerada como não fumante. Apesar do fator genético, as mudanças de hábito são extremamente importantes. Dependendo do hábito adotado, fica mais difícil de contrair doenças cardiovasculares ou respiratórias crônicas, que o cigarro também provoca — conclui.
O TABAGISMO EM NÚMEROS
No mundo:
:: Conforme a OMS, o tabaco contribui 22% dos casos de câncer no mundo.
:: A estimativa é que cerca de 7 milhões de pessoas morram em decorrência do uso de tabaco a cada ano.
:: Destas, quase 900 mil pessoas são fumantes passivas.
:: Isso ocorre porque a fumaça que se difunde pelo ambiente contem, em média, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que o fumante inala.
:: A campanha do Dia Mundial sem Tabaco deste ano alerta para a relação do cigarro com as doenças cardiovasculares, principal causa de morte no mundo.
:: O uso do tabaco é responsável por cerca de 12% das mortes por doenças do sistema circulatório e a segunda maior causa de AVC, depois da pressão alta.
No Brasil:
:: Estima-se que no Brasil, a cada ano, 200 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, segundo o Inca.
:: No Brasil, as doenças cardiovasculares são responsáveis por quase 30% de todos óbitos registrados no anualmente.
:: O percentual de fumantes vem caindo, mas ainda é expressivo. Em Porto Alegre, por exemplo, 13,6% das pessoas com 18 anos ou mais declararam ser fumantes, conforme a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção Para Doenças por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2016. É a segunda capital com maior prevalência de fumantes, depois de Curitiba.
Em Caxias:
:: O câncer é a doença que mais mata na cidade, com 638 óbitos registrados em 2017. Entre os tipos da doença, os tumores no pulmão são os mais letais: foram 107 mortes no ano passado.
:: As doenças do aparelho circulatório são a segunda principal causa de morte na cidade, com 592 óbitos em 2017.