A migração do crime para a cidade é o maior desafio das forças policiais de Flores da Cunha. O município possui uma rotina pacata e baixos índices de criminalidade, mas sofre com ataques de bandidos de cidades maiores. Um exemplo é justamente o crime mais grave registrado neste ano: o mecânico Tiago Becher Bonato foi assassinado durante uma tentativa de roubo a veículo. Os três investigados pelo caso são moradores de Caxias do Sul.
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Flores da Cunha não registrava um latrocínio (roubo com morte) há pelo menos 10 anos. De acordo com a delegada Aline Martinelli, o assalto que culminou com a morte de Bonato fez parte de um pico de roubos de automóveis iniciada no final do ano passado.
— Estamos muito próximos a Caxias do Sul e há várias rotas de acesso. Invariavelmente, algumas das ocorrências daquela cidade acabam também sendo perpetradas em nosso município. Flores possui uma população com renda alta e bons automóveis. São fatores que atraem (os assaltantes) — corrobora o capitão Angelo Marcio Ferraz, responsável pela Brigada Militar (BM) local.
Neste cenário de migração da criminalidade, os roubos e furtos de veículos se destacam. Inclusive, são os dois únicos índices em que Flores da Cunha aparece na lista dos 40 municípios gaúchos com mais delitos do ano passado — em 35º e 36º lugares, respectivamente.
Outros crimes também praticados por bandidos de fora causam temor no município. No início de fevereiro, por exemplo, dois assaltantes armados renderam clientes e funcionários da loja Lebes que fica na Rua Borges de Medeiros. Para encontrar o estabelecimento, os criminosos pediram orientações em um posto de combustíveis na entrada do município.
— Nossa equipe está muito sentida e todos estão tensos com o acontecido. É uma cidade que não está acostumada com a violência, mas está ocorrendo esta migração de bandidos. Pessoas de fora que vem para cometer furtos e roubos — aponta o gerente Dario da Cunha dos Santos, que veio de Gravataí no início do ano para assumir a filial no município.
O assalto em plena área central ocorreu em um sábado, por volta das 15h. Os dois bandidos fingiram ser clientes e passaram uns 30 minutos escolhendo mercadorias. A dupla esperou outros compradores irem até o caixa para anunciar o roubo e render funcionários e clientes. O objetivo era levar dinheiro e celulares. A ação durou pouco mais de um minuto e os bandidos fugiram em um Del Rey. O caso segue em investigação.
Roubos a banco sempre em foco
Para combater a migração do crime, a BM atua com patrulhamento periódico e utiliza o serviço de inteligência para monitorar bandidos conhecidos. O capitão Angelo Ferraz explica que, quando um delinquente especializado na prática de um determinado delito é liberado do sistema penitenciário, um alerta é repassado para todos os policiais ficarem mais atentos nas ruas.
Esta estratégia é a mesma utilizada no combate a assaltos a bancos. Responsável por Flores da Cunha, Angelo é o comandante da 2ª Companhia do 36º Batalhão de Polícia Militar (36º BPM) e responde por outros seis municípios próximos, como São Marcos e Antônio Prado.
— Nossa região já teve inúmeros ataques, como em São Gotardo e Otávio Rocha. Essa é uma ocorrência que gera muito risco às pessoas do entorno e deixa muita insegurança (na comunidade atacada). São quadrilhas organizadas e muito bem armadas, por isso nosso trabalho é contínuo e, felizmente, há tempos não temos uma ocorrência dessas — salienta o capitão.
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