Graças a uma rede de solidariedade construída através da internet, o estudante de Jornalismo Bruno Roberto Caldart, 27 anos, está mais próximo de garantir um tratamento crucial para a sua saúde. O morador de Caxias do Sul sofre com a doença de Crohn, que provoca a inflamação do intestino, causando, entre outras consequências, perda de peso, anemia e, em alguns casos, até a retirada de parte do órgão. Para arrecadar o valor necessário para realizar um transplante de células-tronco, que seria capaz de melhorar sua situação, é necessário desembolsar cerca de R$ 300 mil (valor do procedimento e da acomodação em São Paulo, local da cirurgia).
Com a vaquinha virtual, idealizada em setembro do ano passado, e por meio de outras ações solidárias criadas por amigos, o rapaz já conseguiu mais da metade do valor e pretende buscar o procedimento ainda no primeiro semestre deste ano. A situação do jovem foi tema de reportagem do Pioneiro em setembro do ano passado.
Até a sexta-feira, a arrecadação virtual criada por uma amiga do jovem havia arrecadado R$ 46,390 mil. Porém, Caldart conta que muitas pessoas fizeram depósitos bancários diretos na conta da família. Uma rifa elaborada pelos colegas do curso de Jornalismo da Universidade de Caxias do Sul (UCS) também arrecadou cerca de R$ 11 mil. Além destas ações, houve shows e bazares que contribuíram para levantar cerca de R$ 160 mil até agora.
— Agora, estamos em contato com um advogado de São Paulo para ver se conseguimos que o plano de saúde entre com o valor que falta para a cirurgia. A expectativa é ir pra lá ainda no primeiro semestre de 2018 — explica o estudante.
Caldart descobriu a doença quando tinha 14 anos. Desde lá, já passou por quatro cirurgias: a primeira foi em 2008, para retirada de parte do intestino. O último procedimento pelo qual o estudante de Jornalismo foi submetido ocorreu em 2011. Devido à doença, ele teve que utilizar uma bolsa de colostomia durante três anos. No entanto, desde 2016, as medicações passaram a não fazer efeito no organismo dele. O rapaz mudou o tratamento duas vezes, sem resultado. Foi então que surgiu a possibilidade realizar o transplante, durante uma internação do jovem, em setembro do ano passado.
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O tratamento com as células-tronco é considerado recente no país e por isso ainda não há cobertura pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e nem pelo pelos planos privados. Sendo assim, a alternativa que resta aos pacientes com esta doença é pagar pelo tratamento de forma particular. A intervenção custa cerca de R$ 275 mil, segundo Caldart, que se somariam às despesas de acomodação por cerca de dois meses e mais os exames necessários antes e depois da cirurgia, totalizando R$ 300 mil.
Doações vieram também de outros estados
A solidariedade e a vontade de ajudar o próximo não têm fronteiras. É o que comprova a atitude de uma moradora do Paraná que soube da história de Caldart pela internet e resolveu contribuir com o tratamento de saúde do rapaz.
— A filha dela tem uma doença que é parecida com a minha e a menina faz uso de suplementos alimentares, assim como eu. Ela entrou em contato comigo pela Facebook e me enviou pelo Correio latas desses suplementos que estavam sobrando. Foi bem bacana — conta Caldart.
Quem ainda tiver interesse em ajudar o rapaz pode adquirir uma rifa que foi lançada recentemente e que será sorteada no dia 10 de março pela Loteria Federal. Cada número custa R$ 5 e pode ser adquirido diretamente com Caldart na Rádio Caxias (Rua Garibaldi, 789, 21º andar, Edifício Estrela, Centro), local onde o jovem trabalha. Os prêmios são objetos de cama, mesa e banho.
É possível fazer depósitos também pela conta na Caixa Econômica Federal, em nome de Roberto Caldart. A agência é 3112 a conta é 08066 - 6 e a operação é 013.
Como funciona o tratamento
De forma simplificada, a intervenção utilizaria as células-tronco do próprio rapaz, que seriam congeladas, tratadas e inseridas novamente no organismo dele. As células-tronco, neste caso, conseguem produzir anticorpos que não atacam o intestino.
Família de Dudu vai buscar medicação por via judicial
Ao contrário da mobilização que já arrecadou um valor considerável para Bruno Caldart, os pais do menino Luis Eduardo Rabello Mendes, nove anos, que sofre com atrofia muscular espinhal do tipo I (doença genética rara que provoca fraqueza muscular progressiva e limita a expectativa de vida) tiveram prejuízo financeiro em um show beneficente realizado em outubro do ano passado. A batalha da família, que mora no bairro Jardim Eldorado, também foi contada pelo Pioneiro em maio do ano passado.
A festa, que ocorreu nos Pavilhões da Festa da Uva e trouxe nomes como Thomas Machado e Tchê Garotos, era uma das esperanças da família para chegar a R$ 3 milhões, dinheiro necessário para importar dos Estados Unidos um medicamento chamado Spinraza, que, até então, não tinha aprovação para comercialização por parte da Anvisa.
— Teve uma ajuda de depósitos diretos na conta de pouco mais de R$ 2 mil. Mas o show mesmo teve um prejuízo grande. Mas nós tentamos e isso me deixa tranquila — comenta a mãe do menino, Priscila Beraldin Rabello.
As esperanças da família agora se concentram em conseguir a medicação via judicial, uma vez que em agosto do ano passado a Anvisa liberou a comercialização do remédio Spinraza no Brasil.