A Sociedade Amigos dos Animais (Soama), de Caxias do Sul, entrou com uma ação civil pública contra a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) para tentar evitar que as pombas sejam retiradas de praças na área central. A remoção do excesso de aves é de interesse do poder público há anos e a transferência de mais de 5 mil aves da área central, incluindo as praças Dante Alighieri, João Pessoa e da Bandeira, deve começar no próximo mês. A justificativa da prefeitura é que a população, convivendo perto desses animais, correria risco de saúde em razão da transmissão de doenças. A presidente da Soama, Natasha Valenti, afirma que as explicações da Semma não têm fundamentação médica ou científica e, por isso, é contra a retirada.
— É só em Caxias do Sul que as pombas fazem mal. Em cidades turísticas do mundo, elas são tratadas com respeito, é bonito ter pombas nas praças. O problema é que existe uma ideia já enraizada de que essas aves são "ratos com asas" por transmitirem doenças. Mas nunca fiquei sabendo de alguém que morreu por ter tido contato com as pombas — diz Natasha, conhecida por lutar pelos direitos dos animais na cidade.
A diretora do Departamento de Proteção Animal da Semma, Marcelly Paes Felippi, garante que mais de uma pessoa já foi diagnosticada em Caxias com sintomas da "doença do pombo", como é popularmente conhecida a criptococose, causada por um fungo que se desenvolve nas fezes do pombo. A situação, inclusive, motivará o recolhimento de algumas aves para a realização de análises. A retirada deve ocorrer depois do dia 15 de outubro, quando a Feira do Livro se encerrar na Praça Dante. No entanto, Marcelly não detalha quando as pessoas teriam sido infectadas e como está o estado de saúde delas. Só afirma que elas não foram tratadas pela rede pública. A diretora diz que, até ontem à tarde, não tinha sido comunicada oficialmente sobre a ação ajuizada pela Soama.
— Estamos com o nosso plano todo pronto e vamos fazer a transferência após esse período de análise. Essa ação não terá custos e todo o trabalho será realizado pela equipe da Semma e por entidades parceiras. Não vamos remover todas as aves, somente o excesso — explica.
A estimativa da prefeitura é de que cerca de 2 mil pombas circulem entre a Praça da Bandeira e a Praça João Pessoa, em São Pelegrino. O maior contingente, no entanto, continua sendo na Praça Dante, onde haveria uma média de 4 mil animais.