Um dos mais aclamados músicos regionalista do país, Adelar Bertussi, 84 anos, faleceu em Curitiba (PR) na manhã deste sábado. O histórico acordeonista estava internado no Hospital de Campo Largo há 20 dias e sofria de problemas no coração. Detalhes do sepultamento ainda estão sendo decididos, mas o músico teria solicitado que sua despedida ocorresse em São Jorge da Mulada, no distrito de Criúva, interior de Caxias do Sul. A previsão é que o velório ocorra no domingo.
Depois de 1955, quando Os Irmãos Bertussi gravaram o primeiro álbum no Rio de Janeiro, ficou praticamente impossível falar sobre cultura gaúcha sem lembrar de Honeyde (falecido em 1996) e Adelar. Os irmãos formavam um dueto de acordeom, dando assim início à moda de baile com duas gaitas ao invés de uma só .
— No Rio, conheci Os Irmãos Bertussi, que tocavam em dueto e tinham um público muito grande, eram dois sanfoneiros arretados — recorda Dominguinhos, em um dos documentários da série O Milagre de Santa Luzia, em homenagem a Adelar.
Adelar aprendeu os primeiros acordes observando Honeyde, mas foi o professor italiano Eleonardo Caffi quem talhou seu talento. O italiano radicado em Caxias desde 1950 representou um divisor de águas.
— A partir do Caffi , o Adelar começa a tocar com mais técnica, buscando a perfeição. Antes de Os Irmãos Bertussi existia um acordeom mais popular, eles seguiram uma linha mais erudita. O acordeom, depois do Adelar, passa a ter outro tratamento com relação à técnica e à teoria musical — comentou Paulinho Cardoso, acordeonista, compositor e integrante do projeto Rock de Galpão, em 2013, para a reportagem do Pioneiro em homenagem aos 80 anos de Adelar.
— Os Bertussi são a base do acordeom e da música serrana — concluiu Paulinho.
Ao longo da carreira, o músico gravou mais de 50 discos e viajou com shows por diferentes regiões do país. Adelar deixa a esposa, Angela, e os filhos Gilmar, Gilney, Adelar Júnior e Samanta. Gilney segue a saga da família com o grupo Os Bertussi.
Memorial na Mulada
Alvo de constantes homenagens e condecorações, Adelar Bertussi também ganhou um documentário em 2011. Produzido pela Spaghetti Filmes, Adelar Bertussi - O Tropeiro da Música Gaúcha, mostra a trajetória de sucesso do músico. Além do talento no acordeom, Adelar surpreendia pela personalidade.
— É uma pessoa que tem muitos seguidores e amigos fiéis. Dá para notar que ele nasceu para ser um artista. É uma pessoa bondosa e otimista. Para mim, foi um orgulho ter participado desse trabalho, acredito que um dos mais importantes que já fiz — revelou o diretor da produção, Lissandro Stallivieri, à época.
O histórico acordeonista morava com a família em Curitiba. Mas, quando podia, Adelar retornava a sua terra. Seu aniversário de 80 anos foi um exemplo. Adelar fez questão de comemorar na fazenda em São Jorge da Mulada com amigos e familiares.
Na localidade, há um memorial em homenagem aos irmãos Honeyde e Adelar Bertussi. Inaugurado em 27 de abril de 2008, o obelisco fica ao lado da residência da família, onde funciona um museu. O acesso ao memorial é público. A casa está aberta para visitas às sextas, sábados e domingos. Nos demais dias, a vizinhança percebe o movimento e toma as providências para receber o visitante.