Há mais de dois anos, o desejo do construtor civil Edson José Cândido, 58 anos, é um só: fazer uma cirurgia na coluna que alivie as dores e possibilite o retorno dele ao mercado de trabalho. O desgaste na cervical foi percebido há alguns anos, mas somente em fevereiro de 2015 é que Cândido passou por uma cirurgia. O problema é que o organismo rejeitou a prótese e há a necessidade de um novo procedimento, que não tem previsão de ocorrer pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O problema de saúde foi agravado em 2014, quando ele sofreu um acidente de trabalho — o construtor civil prendeu o braço direito ao entrar em um elevador na obra onde estava trabalhando. Além da operação na coluna, o morador do bairro Desvio Rizzo também necessita de uma intervenção no braço já que, segundo ele, exames acusaram o rompimento nos tendões. Este procedimento, porém, ainda nem foi encaminhado.
— A dor é 24 horas por dia. Estou aguentando à base de injeções. Me justificam que não tem bloco nem leito no hospital — afirma Cândido, que trabalhou durante 42 anos na construção civil.
O laudo que autoriza a cirurgia já venceu uma vez e foi renovado pelo médico. O medo do construtor é que o procedimento demore mais pra ocorrer e o documento perca a validade pela segunda vez.
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— O médico da empresa não aceita que eu volte, porque do jeito que está não tem como trabalhar. Tudo que eu mais preciso é que seja feita essa cirurgia — garante.
A Secretaria Municipal de Saúde confirma que Cândido necessita de uma cirurgia ortopédica de alta complexidade por meio do SUS. A pasta também atesta que o primeiro laudo foi autorizado em 2016 e venceu neste ano, mas foi renovado. Segundo a secretaria, a cirurgia ortopédica depende agora do hospital, neste caso o Pompéia.
O Hospital Pompéia, por sua vez, explica que o paciente recebe acompanhamento no ambulatório de ortopedia. No entanto, não há estimativa para que a cirurgia ocorra devido à alta demanda para este tipo de intervenção. Conforme a instituição, há cerca de 1,4 mil laudos autorizados aguardando cirurgia no momento. Destes, 700 são na área de traumato-ortopedia. Outra questão apontada pelo hospital é quanto aos recursos e a capacidade operacional destinados aos serviços de urgência e emergência, que estariam no limite.