Prestes a completar oito meses, a Operação Centro Legal obteve, inicialmente, relativo sucesso em coibir a atividade de ambulantes nas ruas de Caxias. A polêmica medida, no entanto, obrigou a prefeitura a buscar alternativas para vendedores que ficaram sem fonte de renda desde o início das ações. Porém, de janeiro até agora, a situação pouco avançou e os ambulantes começaram a retornar para a área central da cidade.
O descumprimento da imposições da força-tarefa está potencializando conflitos entre os vendedores irregulares, fiscais e a Guarda Municipal. Na manhã desta terça, por exemplo, houve novo desentendimento entre senegaleses e servidores da prefeitura.
Os guardas alegaram resistência e agressão por parte dos ambulantes – que teria resultado na fratura do ombro de uma fiscal – , enquanto os imigrantes relataram suposto abuso de força, uma vez que uma arma de choque teria sido usado na abordagem.
A tensão causou revolta a um grupo de estrangeiros, que se dirigiu até a prefeitura e pediu providências para diminuir o rigor das cobranças aos comerciantes. Na oportunidade, também foi reiterado o apelo por alternativas que possibilitem aos imigrantes trabalhar.
– A Feira Sem Fronteiras e a Feira dos Senegaleses não são suficientes, não estão dando certo e a solução que muitos encontraram foi voltar pras ruas – afirma o comerciante Aboulahat Ndiaye, o Billy.
Apesar de o poder público destacar a promoção das feiras, o empresário, Babacar Gning, afirma que as opções surgiram de sugestões dos próprios imigrantes, porém, segundo ele, não houve continuidade do debate por mais alternativas.
– A prefeitura nunca deu uma solução. Nós que procuramos. O que mais se vê são pessoas daqui expondo seus produtos e não temos nada contra isso. Só reforça que estamos aqui para fortalecer a economia local. O problema é que avançamos pouco ainda – observa.
Um ambulantes que trabalha na área central lamenta a falta de propostas ou consideração pelas sugestões que os próprios imigrantes tentam dar ao poder público:
– Tenho gastos com aluguel e alimentação, então preciso trabalhar, e um dia só do mês não me garante renda suficiente. Já sugerimos que fosse criada uma galeria para vendermos nossos produtos. Pagaríamos taxa se fosse preciso, mas até agora não tivemos retorno – afirma Amadou Dia.
Ambulantes
Desempenho abaixo do esperado de feiras gera retorno de imigrantes para comércio de rua de Caxias
Há quase oito meses sendo fiscalizados, imigrantes que trabalham em Caxias ainda buscam alternativa para fonte de renda
Mateus Frazão
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