A Brigada Militar (BM) de Caxias do Sul prendeu em flagrante o homem apontado como suspeito do assalto à agência do Sicredi de Santa Lúcia do Piaí em 27 de julho. A ação policial ocorreu no distrito de Fazenda Souza na noite de sexta-feira e resultou na apreensão de duas armas. Nelson Machado, 34 anos, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Em depoimento, o autuado nega ser o autor do roubo a banco e afirma que a versão dos policiais militares sobre a sua prisão é falsa.
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De acordo com a ocorrência registrada, os fatos ocorreram por volta das 21h30min na localidade de Zona Bonsan. Os PMs relataram que o suspeito telefonou para um integrante da guarnição e disse que queria entregar a arma utilizada no assalto e a que foi roubada do vigilante da agência. Segundo esta versão, os policiais seguiram até a residência de Machado onde o suspeito afirmou que cometeu o crime por estar passando necessidades financeiras, mas que tinha se arrependido e queria colaborar com a polícia.
Em seu depoimento à Polícia Civil, no entanto, Machado, afirmou que os acontecimentos foram diferentes. O autuado relatou que os policiais militares invadiram a casa dele e o pressionaram. Os PMs repetiam que sabiam que ele estava envolvido no assalto a banco e que era melhor se entregar. Machado relata que foi agredido pelos PMs na frente dos filhos.
Seguindo a orientação policial, Machado aceitou ir até a delegacia de plantão para prestar depoimento. Ele afirma ainda que a BM esteve na sua residência no sábado, domingo e terça-feira e que os policiais também teriam ido até o seu trabalho fazer abordagens em seus amigos.
Machado, que não tem antecedentes criminais, é suspeito do assalto porque o ladrão utilizou o seu Gol branco. Na fuga, contudo, o veículo colidiu contra um poste da Rua Ari Leopoldo Klagenberg e o assaltante terminou a fuga a pé. Sobre este fato, o advogado Jean Carbonera afirma que seu cliente está colobarando com a investigação da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec).
– Ele prestou depoimento e afirmou que foi vítima de um assalto. Roubaram o carro dele, pelo visto para utilizar no assalto (ao banco), e o amarraram em uma árvore – defende o advogado.
Carbonera afirma que seu cliente nega envolvimento no roubo a banco ou a posse das armas. Ele ressalta que o relato de Machado foi que os PMs invadiram a casa já em posse das duas armas apreendidas e dizendo ter encontrado na propriedade dele.
– O que os policiais relataram (sobre seu cliente estar arrependido e ter ligado para se entregar) eu sei que não é verdade. Qual é a verdade, não sei dizer. A investigação (do roubo a banco) quem tem que fazer é a Polícia Civil. A BM não deveria ter ido na casa dele, principalmente, à noite. Essa ação só atrapalha a investigação – comenta.
"Não temos nada que dê credibilidade a esta versão de abuso"
Procurado pela reportagem, o comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM), major Jorge Emerson Ribas, afirmou não ter conhecimento dos detalhes da ocorrência, mas salientou que havia diversas informações contra este suspeito.
– Este é o fato principal. Se houve algum eventual abuso nesta prisão, iremos apurar nos próximos dias conforme alguma informação nos chegue, possivelmente pela Polícia Civil. Até o presente momento, não temos nada que dê credibilidade a esta versão de abuso – afirma o oficial.
O comandante do 12º BPM lembra que Machado era e continua sendo considerado um suspeito do roubo em Santa Lúcia do Piaí, mas que não era procurado por não haver nenhum mandando de prisão. Ribas ressalta que o motivo da condução para a delegacia foram as armas apreendidas durante a abordagem daquela noite.
– Não queremos fazer um pré-julgamento, mas é comum os suspeitos mudarem suas versões quando chegam à delegacia para evitar uma eventual prisão. O que não é comum são abusos por parte de policiais – salienta.