O Hospital Geral (HG) de Caxias do Sul suspendeu, na tarde desta terça-feira, os atendimentos de baixo risco e as internações no pronto-socorro (PS). De acordo com a instituição, o setor está superlotado e, caso permanecesse recebendo novos pacientes, haveria risco de comprometer a eficiência dos atendimentos. Além disso, a grande procura por consultas e a falta de leitos disponíveis até mesmo na unidade de tratamento intensivo (UTI) poderiam colocar em risco a segurança dos pacientes.
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Enquanto permanece fechado, o pronto-socorro atenderá somente pacientes com risco de morte. Conforme o diretor do HG, Sandro Junqueira, fatores específicos levaram a suspensão temporária dos atendimentos:
– Há um bom tempo nosso pronto-socorro tem registrado lotação. Já se tornou até um problema histórico no hospital. Hoje pela manhã, a sala de emergência estava completamente lotada e precisamos deixá-la completamente vazia para atendermos quem chega em estado de emergência. Fora isso, estamos com todos os leitos do pronto-socorro ocupados, sendo que quatro pacientes estão aqui em regime de UTI.
Mesmo que não haja pacientes esperando por leito nos corredores, a estrutura do pronto-socorro, que conta com 12 leitos e seis poltronas para soroterapia, não comporta a alta demanda que, segundo a instituição, sofreu um aumento gradativo nos últimos anos em função de alguns fatores: a oscilação de temperatura, a situação econômica-financeira do município, o alto número de demissões ao longo dos últimos quatro anos e a greve dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS). A instituição não informou o número de pacientes atendidos por dia.
A orientação que o HG está dando à população é que procure as unidades básicas de saúde (UBS) – onde o atendimento já está comprometido em razão da greve dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) – ou o Pronto-Atendimento 24 Horas, que também enfrenta a superlotação e falta de médicos. Para se ter uma ideia da situação, quem se deslocou ao Postão ontem esperou, em média, oito horas para consultar.
O HG espera dar vazão à demanda que já atende para, então, reabrir as portas do pronto-socorro.
– Fechamos por tempo indeterminado. Agora, tudo depende do movimento. Na hora que acalmar, a gente reabre – afirma Junqueira.
Demanda clínica e internações complica liberação de vagas
O pronto-socorro do Hospital Geral é diferente dos demais de Caxias do Sul. Isso porque o município definiu que toda a área de traumato-ortopedia (como vítimas de acidentes e crimes) seja direcionada ao Hospital Pompéia, fazendo com que o HG receba a parte clínica, cardiológica, oncológica e respiratória.
Com esse tipo de atendimento, os pacientes acabam entrando no PS e ocupando um leito sem que possam ser transferidos para o setor de internação hospitalar. Assim, frequentemente, a instituição fica com quatro, cinco, ou até seis pacientes entubados no próprio pronto-socorro.
– Se houvesse leitos de UTI suficientes, esses pacientes não estariam internados no PS. Mas, o que acontece é que, por vezes, não há leitos de internação comum nem de UTI, obrigando essas situações a ficarem represadas no pronto-socorro, obstruindo a entrada de novos pacientes – lamenta o diretor.
A pediatria também é considerado um setor complicado no HG, já que as patologias de inverno afetam diretamente bebês e crianças. Durante o ano a ocupação é razoável. Porém, de junho a agosto, há superlotação. A instituição pede que as crianças também sejam direcionadas para as UBSs e ao Postão em casos sem gravidade.
– Nós sabemos que a demanda tem aumentando porque a mãe não consegue levar o filho na UBS ou no Postão e acaba vindo até o nosso pronto-socorro. Só que isso gera todo um esforço da nossa equipe médica que não deveria estar ali.
O diretor do HG acrescenta ainda que, mais do que o plano de ampliação, cujas obras estão paradas desde janeiro, está preocupado em garantir o custeio do hospital.
– Primeiro, precisamos assegurar os recursos para manutenção dos atendimentos e o equilíbrio das contas. A gente está batalhando para que município e o Estado mantenham convênios que somam repasses de R$ 900 mil. Se isso não acontecer, vai piorar ainda mais a situação da saúde de Caxias e com certeza haverá redução dos atendimentos.
Em fevereiro, o hospital recebeu do Estado cerca de R$ 9 milhões em repasses que estavam atrasados. Em 2017, a prefeitura já repassou à Fundação Universidade de Caxias do Sul (Fucs), mantenedora do HG, cerca de R$ 14,6 milhões, conforme dados do Portal da Transparência.