Moradores de um quadrilátero do bairro Interlagos vivem uma situação atípica em Caxias, a plena sensação de segurança. Para isso, foi necessária uma medida: posicionar vigilância 24 horas no único acesso disponível.
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Ao todo, moradores de 56 casas contribuem com parcela mensal para custear o trabalho de uma empresa que, além da vigilância, presta serviços de portaria e realiza reparos infraestruturais. A postura adotada pela comunidade, no entanto, é polêmica.
– A partir das 22h, passamos a corrente e bloqueamos a entrada. Somente com autorização dos moradores permitimos o acesso. Algumas pessoas não gostam disso e já nos denunciaram, mas só critica o nosso sistema quem não pode ter algo semelhante. Sabemos que essa situação de desemprego e a chegada de gente de fora influenciou também o crescimento da criminalidade – afirma o guarda Marco Aurélio Lemos.
Ainda assim, ele garante que não há qualquer discriminação com possíveis visitantes:
– Não estamos aqui para proibir ninguém de passar, e, sim, coibir a entrada de "vagabundo".
O vigilante ainda classifica como positiva a relação com os moradores, que também defendem o modelo de monitoramento, embora aleguem que a prefeitura tente causar problemas.
– Só pedimos que o município não atrapalhe. Falta apoio do poder público, condenam o nosso sistema, sendo que estamos ajudando em algo que deveria ser da responsabilidade deles – comenta uma moradora que preferiu não se identificar, ressaltando que a medida garante a total segurança dos moradores.
O caso do Interlagos é conhecido pelo poder público. De acordo com a Secretaria do Urbanismo, recentemente, após a retirada da cancela do local, foi arquivado um processo aberto pela pasta. No entanto, o fato de uma corrente ser utilizada como bloqueio da passagem de visitantes é novidade para a prefeitura.
– Vamos mandar um fiscal verificar a situação. A contratação de empresa para prestar serviços de vigilância é permitido, mas não admitimos excessos – afirma a secretária do Urbanismo, Mirangela Rossi.
Ela diz compreender a preocupação dos moradores com a segurança, porém, reitera total ilegalidade da medida adotada pela comunidade:
– Não podemos deixar um grupo de moradores se apropriar do bem público e determinar regras próprias para acesso. Isso é característica específica de condomínios que não pode ser aplicada em loteamentos públicos.