A morte de Guilherme Ferreira dos Santos Jung, 27 anos, em um dos locais mais badalados da vida noturna de Caxias do Sul acende novamente o sinal vermelho das autoridades sobre a violência onde há concentração de jovens, principalmente, aos finais de semana. Jung é a 10ª vítima de assassinato desde março de 2015 em locais de aglomeração marcados pelo consumo de bebidas, pelo som automotivo, rachas e brigas.
Testemunhas contaram à Polícia Civil que Jung agredia uma mulher, ainda não identificada, na Avenida Ruben Bento Alves (Perimetral Norte), nas proximidades da Rótula da Randon, bairro Interlagos, por volta das 0h45min de sábado. Um grupo tentou defender a mulher e, neste momento, Jung foi atingido com uma facada no peito.
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Na tarde de domingo, o Pioneiro voltou ao local do crime e encontrou um jovem que assistiu a briga do outro lado da avenida. Ele contou que a confusão durou no máximo três minutos e Jung e a mulher trocaram muitos chutes, socos e puxões de cabelo até o momento em que um grupo se aproximou e tirou a mulher das mãos de Jung. A testemunha, porém, não viu quando foi desferida a facada. Após, de acordo com a Brigada Militar, Jung entrou em um Ônix branco e tentou fugir em busca de socorro, mas rodou cerca de 50 metros e morreu no local. Devido ao ferimento, acabou batendo o carro em outro veículo estacionado. A mulher agredida por Jung fugiu com outras três pessoas num Corsa preto.
A partir desta segunda-feira, a Delegacia de Homicídios e Desaparecidos (DHD) deve investigar a autoria e a motivação do assassinato. Imagens de câmeras de segurança em empresas próximas devem auxiliar na identificação dos suspeitos. Jung era casado e tinha um filho. Também era integrante do time de futebol amador Real Rizzo. A mulher dele não foi localizada para falar sobre o caso. Outros familiares preferiram não se manifestar.
Vítimas da intolerância
Os pontos no entorno de casas noturnas ou postos de combustíveis onde turmas se encontram aos finais de semana são vários em Caxias, mas alguns se destacam negativamente pelas confusões e violência. Desde março de 2015, já foram 10 assassinatos. Confira:
:: Guilherme Yuri Padilha, 19, morto com uma facada na madrugada do dia 7 de janeiro deste ano, teria se envolvido em uma briga.
:: Leandro Amaral, 25, morreu na madrugada de dia 22 de março de 2015, atingido por um tiro na nuca, durante uma briga na Rua Dr. Augusto Pestana em frente a uma casa noturna.
:: Iago Jacinto da Motta, 23, foi ferido em um tiroteio em frente a uma casa noturna na Avenida São Leopoldo, não resistiu aos ferimentos e morreu. Ele foi baleado na madrugada do dia 18 de setembro do ano passado. O autor do crime queria atingir outras pessoas.
:: Érica da Silva dos Santos, 20, também morreu baleada na mesma ocorrência em que Iago foi atingido.
:: Moacir Junior de Miranda Guedes, 16, morto na Perimetral Sul, próximo da entrada do estacionamento, ao lado de uma danceteria dia 1º de agosto de 2015.
:: Ronaldo Pereira da Silva, 19, morto na madrugada de dia 26 de setembro de 2015 quando caminhava pelo canteiro da rótula da Avenida São Leopoldo com a Perimetral Sul com um grupo de amigos.
:: Marcos Diego da Silva Pereira, 24, morreu no final da tarde de 29 de novembro de 2015, um domingo, durante uma briga no Posto Onzi, bairro Interlagos. Ele foi baleado pelo empresário Alisson Robson dos Santos, 29, durante uma briga.
:: Paulo Ricardo Lemos Feijó Filho, 17, foi assassinado com um tiro na saída de uma festa na manhã de 12 de fevereiro deste ano. Ele esperava numa parada de ônibus no bairro Capivari, região do São Ciro. O adolescente teria sido morto por engano.