A novela envolvendo os médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) e a prefeitura de Caxias do Sul parece, realmente, não ter fim. Na noite desta segunda-feira, após alegarem que o poder público não enviou uma contraproposta aos pedidos da categoria, os profissionais se reuniram em assembleia para discussão dos próximos passos. Por unanimidade, votaram na realização de uma nova greve, a terceira desde o início do ano, a começar a partir da próxima segunda-feira, dia 17. A diferença das duas primeiras é de que, desta vez, a paralisação é por tempo indeterminado.
– Ele (prefeito Daniel Guerra) acha que vamos desistir. Só estamos em busca do que é certo – disse o presidente do Sindicato dos Médicos de Caxias, Marlonei dos Santos.
No encontro, Jorge Darze, diretor da Federação Nacional dos Médicos afirmou que a greve é uma maneira dos médicos cobrarem os seus direitos. Disse que vários Estados estão lidando com o mesmo problema e que os médicos estão sendo "tratados como bodes expiatórios pelos governos". Ele se encontrou, na tarde de segunda, com o secretário municipal de Saúde, Fernando Vivian, com o objetivo de achar uma solução para o impasse envolvendo médicos e prefeitura de Caxias. Porém, não acredita que essa negociação será resolvida de uma vez:
– Vi que é um déspota que dirige essa cidade. Ele (o prefeito) está desequilibrado, não tem condições de dirigir uma cidade do tamanho de Caxias. Ele ignora a representação dos médicos e não está respeitando a legislação.
Darze também ironizou a proposta apresentada pela prefeitura que envolve a produtividade e qualidade nos atendimentos médicos, feita no final do mês passado. A ideia da prefeitura era: os profissionais deveriam seguir uma tabela de produtividade e receberiam avaliações ótimas ou excelentes para chegarem ao teto. Ao final de cada atendimento, os pacientes preencheriam uma ficha de satisfação.
– É um concurso de simpatia que o prefeito está querendo implementar em Caxias? Quer que os médicos deem um tapinha nas costas do paciente para serem considerados simpáticos? Vínculo de pagamento com produtividade não existe – afirmou o diretor da Federação Nacional dos Médicos.