O projeto Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave), criado em Caxias do Sul em 2003 e transformado em lei estadual nove anos depois, está sendo revisto pela atual gestão, que assumiu em janeiro deste ano. A alegação da Secretaria Municipal de Educação (Smed) é que as escolas reportavam diretamente apenas à Guarda Municipal e à Brigada Militar boa parte dos incidentes ocorridos nos estabelecimentos de ensino. O objetivo da mudança, de acordo com a Smed, é estabelecer que todas as ocorrências passem pela secretaria daqui para frente. Ainda não foi definido como será esta transição.
O certo, até agora, é que as escolas ainda não receberam da Smed o acesso para as postagens no sistema da Cipave. Essas comunicações são feitas no começo do ano, geralmente em março. Isso significa que o plano de ação de cada colégio para enfrentar as dificuldades, diagnosticadas por meio da análise de dados cadastrados na própria Cipave, não foi compartilhado com o poder público, ao contrário do que vinha sendo feito.
– Não se faziam todos os registros das situações. Nós estamos evidenciando que precisa passar pela Smed. Em nenhum momento a Cipave deixou de atuar, mas focaremos mais na prevenção, esta é a maior modificação – explica a secretária de Educação, Marina Matiello.
Leia mais
Polícia divulga imagens de suspeito de roubar helicóptero para fuga de presos
Quadrilha que roubou helicóptero disse que voo seria "presente de 30 anos de casados"
Conforme ela, o programa "estava se concentrando muito em remediar e atender situações já postas":
– Vamos atender o que não está posto. Há um projeto de pesquisa da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), de saúde mental, que estará nas escolas para pensar ações que poderiam dar resultados mais efetivos na comunidade – complementa a secretária.
Além de enviar os planos anuais à Cipave, as escolas devem postar no sistema todos os problemas verificados no dia a dia, como acidentes, atos de indisciplina e crimes. É preciso relatar quem são os estudantes envolvidos e os detalhes do fato. A partir disso, as informações são apuradas e encaminhadas para os chamados eixos responsáveis, que podem ser, por exemplo, a Polícia Civil e o Conselho Tutelar.
O QUE É O CIPAVE
Nasceu de uma parceria entre as secretarias municipais de Educação e de Segurança Pública e Proteção Social. Tem como objetivo diagnosticar as vulnerabilidades no âmbito escolar e planejar ações para resolver os problemas de forma viável e eficaz. O programa foi criado em junho de 2003, regulamentado em fevereiro de 2007 e, em 2012, tornou-se lei estadual. Abrange todas as 86 escolas de Ensino Fundamental de Caxias e é composto por comissões de pais, alunos, funcionários, direção e professores.
No início de cada ano letivo, elas se reúnem e traçam planos de ação para serem executados durante o calendário escolar. O programa oportuniza palestras, oficinas, cursos de capacitação, teatro, debates e seminários de socialização de boas práticas.
Seus cinco principais eixos são:
:: Prevenção ao uso de drogas: com apoio da Polícia Federal e Polícia Civil
:: Prevenção de incêndios e primeiros socorros: 5º Comando Regional de Bombeiros
:: Conservação do patrimônio público: Guarda Municipal
:: Prevenção de acidentes no trânsito: Polícia Rodoviária Federal e Escola Pública de Trânsito
:: Violência escolar: 12º Batalhão de Polícia Militar