Pela primeira vez desde que foi instituído, na gestão do petista Pepe Vargas (1997-2004), este ano não haverá assembleias para votação de prioridades do Orçamento Comunitário de Caxias do Sul. Segundo o titular da Coordenadoria de Relações Comunitárias, Rafael Bado, o objetivo em 2017 será reavaliar as 210 obras que não saíram do papel e elencar quais serão possíveis de realizar. De acordo com Bado, cerca de 60% das demandas são de calçamento de ruas, sendo que em muitos casos o trabalho foi iniciado e não foi concluído. Na tarde desta quinta-feira, quando mais de 100 líderes comunitários conheceram o projeto de reformulação do OC em reunião no auditório do Sindiserv, Bado também revelou que a prefeitura estuda passar a votação de anual para trianual.
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A revisão do Orçamento Comunitário – que também irá mudar de nome – se dá em um novo contexto da coordenaria, vinculada ao gabinete do prefeito. Daniel Guerra (PRB) enxugou drasticamente a equipe, que passou de 23 funcionários para apenas quatro. A economia em salários será de R$ 1,1 milhão por ano. Rafael Bado, contudo, acha que é possível fazer mais com menos.
_ Queremos resgatar a credibilidade deste programa, que hoje é visto com descrédito pela população. Há muita obra anunciada com alarde e aplausos, mas grande parte não é concluída. Só vamos iniciar serviços que tivermos a certeza de que poderemos terminar. Desde janeiro estamos visitando os bairros, falando com os comunitaristas e reavaliando a necessidade de cada demanda. Vamos executar aquilo que for possível, respeitando o orçamento do município _ diz Bado.
O responsável pelo OC acrescenta que o foco este ano estará nas obras em atraso, por isso não haverá escolha de novas demandas. Rafael Bado considera que trabalhar com um espaçamento maior entre as votações – no caso, três anos – permitirá um melhor controle do orçamento e evitará o atraso:
– A gente pensa no prazo de três anos, fazendo reuniões nas comunidades sempre que pedirem a nossa presença, mas tendo mais tempo para fazer as obras e com a garantia de que serão feitas. Isso evita este acúmulo de obras atrasadas ou que nunca serão feitas. A intenção é desenvolver um trabalho mais concreto, porque a população cansa de ouvir anúncios e promessas a cada início de ano.
A remodelação não agradou a todos os líderes presentes na reunião, que questionaram, além das assembleias a cada três anos, a centralização do atendimento aos comunitaristas na coordenadoria, sem um dia específico da semana em que eles pudessem ser atendidos pelos secretários municipais, como era anteriormente.
– Acho que as mudanças deveriam ter sido mais democráticas. É um retrocesso não poder mais falar diretamente com os secretários. Parece que querem blindá-los. Na minha opinião, é um equívoco. Nós temos o direito de cobrar aquilo que conquistamos e não recebemos, como a construção do centro comunitário no nosso bairro, por exemplo – diz Hugo Trindade, presidente do bairro Cidade Industrial.