A Operação Golfinho começou há 18 dias e o número de salvamentos e mortes nas águas do Rio Grande do Sul já preocupa. Desde que as ações se iniciaram foram registrados 266 salvamentos e 10 mortes em áreas balneáveis e não-balneáveis do Estado. Desse total, três óbitos aconteceram entre a madrugada e tarde de domingo em duas cidades da Serra e em Arroio do Sal, reduto de veraneio de muitos moradores de Caxias do Sul e região. O número elevado reforça a necessidade de prevenção no mar, em rios, lagoas e piscinas.
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A vítima mais recente é Robert Reis Lopes, que desapareceu nas águas de um poço conhecido como "Panelão", em Nova Petrópolis, na tarde de domingo. O corpo do rapaz, que seria de Porto Alegre e não teve a idade revelada, foi encontrado na segunda. Também no domingo, Fagner Amarante, 23 anos, morador de Bento Gonçalves, se afogou por volta das 6h30min de domingo no Rio Carreiro, em Serafina Corrêa. O corpo dele foi encontrado na manhã de segunda. De acordo com os bombeiros de Guaporé, o trecho onde ocorreu o afogamento fica num camping e não havia salva-vidas no momento porque o serviço começa a operar às 8h. Amarante teria passado a virada do ano no local com dois amigos.
– O Fagner já tinha ido algumas vezes para aquele lugar. Pelo que disseram, ele teria ido molhar os pés, escorregou e a correnteza levou. O rio estaria muito agitado naquele dia. É uma tragédia, ele era alegre, estava sempre de bem com a vida – diz o irmão dele, Maxiel Amarante, acrescentando que a vítima não sabia nadar.
Com essas duas mortes, o número de afogamentos na Serra também chama a atenção: entre janeiro e fevereiro de 2016, sete pessoas morreram na região. Neste ano, somente em um semana, já são dois casos.
COMPARE
Mortes por afogamento no RS
2014/2015: 56
2015/2016: 85
2016/2017 (de 17 de dezembro até segunda): 10
Salvamentos
2014/2015: 1.699
2015/2016: 851
2016/2017 (de 17 de dezembro até segunda): 266
Número de salva-vidas
2014/2015: 1.147
2015/2016: 1.100
2016/2017: 1.049
"Falta é responsabilidade"
Neste veraneio, conforme o Comando do Corpo de Bombeiro Militar (CBMRS), o baleário com maior número de resgates é Torres, mas as ocorrências registradas em locais onde não há cobertura de salva-vidas também acendem o alerta. Na última temporada, o número de mortes nesses locais foi 80% superior à anterior. Entre 19 de dezembro de 2015 e 28 de fevereiro de 2016, 79 pessoas perderam a vida em áreas não monitoradas no Estado, mais de uma vítima por dia. Na operação retrasada, entre 20 de dezembro de 2014 e 1º de março de 2015, 44 pessoas morreram afogadas onde não há profissionais para vigiar os banhistas. Em áreas cobertas pelo Corpo de Bombeiros no Litoral Norte, no Litoral Sul e em águas internas, seis pessoas perderam a vida no último veraneio, metade das vítimas registradas no anterior.
– São números alarmantes, sim, mas o que falta é responsabilidade. Os salvamentos, na maioria, são de jovens imprudentes, que ficam alcoolizados e se arriscam. Somente no último domingo foram registrados 123 salvamentos nas águas do RS, uma média de 14 por dia durante a Operação Golfinho deste ano. É muito. Com água não se brinca – analisa o major Everton Dias, chefe da comunicação social do Corpo de Bombeiros.
O alerta serve também para piscinas. Um descuido pode ter vitimado um menino de dois anos e cinco meses morreu afogado, sábado, em uma residência em Igrejinha, no Vale do Paranhana. Conforme o Corpo de Bombeiros Voluntários da cidade, os pais relataram que estavam dormindo quando a criança caiu na piscina. Ela teria ficado submersa por aproximadamente cinco minutos.