A cidade está encostando no interior. É desta forma que os moradores da Linha 40, em Caxias do Sul, referem-se ao aumento de moradias e, consequentemente, de pessoas que circulam pela comunidade. Para confirmar essa impressão, basta subir em um dos pontos mais altos da localidade – cercada de parreirais e cujo acesso se faz pela Estrada Municipal Vicente Menezes, paralela à ERS-122 – e perceber que o que antes era apenas mato, hoje virou residência para dezenas de moradores. Estima-se que hoje a comunidade conte com pelo menos 11 condomínios fechados, que vão de padrões mais elevados até imóveis mais populares. Se o desenvolvimento chega a passos largos, a necessidade de organização comunitária também. Por isso, desde os últimos meses de 2016, a reativação da Associação dos Moradores de Bairro (Amob) virou pauta frequente entre os amigos do bairro.
A ideia de reorganizar a associação, que havia sido criada há cerca de seis anos, mas que nunca funcionou realmente na prática, surgiu após os moradores criarem um grupo no aplicativo WhatsApp. A intenção inicial era apenas que as mensagens trocadas pelo celular pudessem avisar sobre alguma movimentação suspeita e evitar assaltos nas residências e estabelecimentos comerciais do bairro.
– As coisas começaram a mudar. O perigo também aumentou. Então, a gente voltou a se unir. Começamos a marcar reuniões e surgiu a ideia de reativar a Amob até para facilitar quando precisamos cobrar alguma coisa – explica o vice-presidente da associação, o empresário Lenir Fábio Adami.
Algumas ações já estão sendo realizadas pela nova diretoria. Nesta semana, por exemplo, algumas placas estão sendo distribuídas aos moradores para tentar inibir furtos e assaltos, que são recorrentes na comunidade. Nelas há a descrição "Vizinhança solidária. Área vigiada pela comunidade. Avisamos a polícia sobre pessoas e carros suspeitos".
O próximo passo para oficialização da associação é esperar a eleição da União das Associações de Bairros (UAB), que deve ocorrer na metade deste ano.
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Comunidade
População: cerca de mil famílias, segundo estimativa da Amob.
Região: Norte.
Iluminação: boa. Segundo o vice-presidente da Amob, Lenir Fábio Adami, há cerca de um ano a comunidade conseguiu mais pontos de iluminação pública, que antes não eram disponibilizados.
Educação pública: estudantes até o Ensino Fundamental são atendidos pela Escola Municipal Dr. Liberato Salzano Vieira da Cunha. Para cursar o Ensino médio, os alunos têm de se deslocar para instituições mais próximas, como a Escola Santa Catarina, no bairro de mesmo nome.
Transporte: uma das reivindicações da Amob é ampliar a oferta de linhas e horários de ônibus, que são considerados poucos pelos moradores. Atualmente, quem precisa acessar o bairro pode utilizar as linhas Vila Maestra e Pedancino/ Brandalise, segundo a Visate. De acordo com a concessionária, as ampliações de itinerários devem ser solicitadas junto à Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade.
Lazer: o bairro não dispõe de nenhuma área de lazer pública, como praças ou Academias da Melhor Idade.
Saúde: a Linha 40 não conta com unidade básica de saúde. Quem precisa do atendimento se desloca para os bairros mais próximos como São José e Pioneiro.
Mais segurança para o pedestre
Na pauta da nova diretoria da Amob Linha 40 está um problema antigo da comunidade: a falta de passeio público e de acostamento na Estrada Municipal Vicente Menezes, que corta a comunidade e segue em direção a Mato Perso e Otávio Rocha, no interior de Flores da Cunha. Como as paisagens bucólicas da região são um convite a caminhadas e passeios de bicicleta ao ar livre, muitas pessoas se reúnem aos finais de tarde para praticar essas atividades. Porém, sem recuo adequado, o exercício se torna arriscado em função do movimento dos veículos.
– Isso é uma questão de anos, desde quando foi construída a estrada. As pessoas até se arriscam a andar na beirada da estrada, mas é bem perigoso – avalia Adami.
Além desse problema, a amob pretende pleitear o asfaltamento de dois quilômetros de estrada de chão batido até a comunidade de Linha 30. A falta de pavimentação causa transtornos a quem vive na beira da estrada, principalmente em função da poeira ou depois de dias de chuva. O trecho sinuoso termina em frente à Capela São José.