A temporada de verão traz uma preocupação recorrente a quem procura o mar para se refrescar: as queimaduras ocasionadas pelas águas vivas ou mães d’água. Assim como os banhistas, elas também são atraídas pela água mais quente. Por iniciativa própria, salva-vidas e comerciantes estão oferecendo garrafinhas com vinagre para amenizar os ferimentos em banhistas.
Em Arroio do Sal, tradicional reduto de moradores de Caxias do Sul e região no Litoral Norte, de cinco a 10 atendimentos são realizados por dia no posto de saúde da cidade, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde. O número ainda está abaixo do observado em fevereiro de 2016, por exemplo, quando cerca de 30 pessoas procuravam ajudava médica diariamente. A tendência é que, com o aumento da temperatura da água do mar no próximo mês, os acidentes também aumentem. Por isso, a importância de tomar alguns cuidados antes de se aventurar nas águas salgadas.
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–Se o inverno é mais ameno, as águas vivas tendem a se reproduzir mais e consequentemente, haverá o aumento delas no verão. É importante esclarecer que elas não atacam propositalmente os banhistas. As águas vivas são conduzidas pela maré e é quando pode haver o choque com as pessoas – explica a bióloga da Secretaria do Meio Ambiente de Arroio do Sal, Caroline Matos.
No meio da tarde de segunda-feira, junto à guarita 45, em Arroio do Sal, Maria Eduarda Signorelli Berne, nove, saiu do mar com um vergão vermelho na perna e no braço. A mãe, Daniele Duarte Signorelli, 31, já sabia exatamente o que fazer. Como era a quarta queimadura da menina em menos de uma semana, correu para os salva-vidas, que já contam com uma garrafinha de vinagre pronta para atender os banhistas mais azarados. Passou o líquido na pele da filha, que apesar do susto voltou para mais um mergulho.
– A coitadinha não está tendo muita sorte, mas a gente trata e logo a dor diminui – diz Daniele.
Os quiosques à beira-mar já incluíram o vinagre entre os produtos oferecidos – gratuitamente – aos banhistas. O Doce Quiosque, em Capão da Canoa, dispõe até de dois modelos de borrifador: um normal, em garrafinha transparente, e um envolvido por figuras de girafa, ursinho e leão.
Mais atenção com crianças e idosos
A bióloga Carolina Matos ressalta que há dificuldade de orientações quanto à prevenção, já que é difícil perceber as águas vivas durante o banho de mar. Ela alerta para o cuidado maior com crianças e idosos, pois são os mais sensíveis à queimadura provocada pelo animal.
– O que podemos orientar é que as pessoas tentem prestar atenção e não se distanciem muito da areia, indo muito no fundo do mar. Outra dica é tentar proteger a região do tronco, que por ser maior, pode ser mais fácil de ser atingida pela água viva e, consequentemente, gerar mais dor – finaliza a profissional.
Conforme o major Everton de Souza Dias ainda não há uma estimativa de atendimentos nesta temporada. No entanto, ele reforça que há relatos de ataques de águas vivas em todo o Litoral Norte:
– Não temos um levantamento, mas, por enquanto, é possível dizer que o índice está abaixo do ano passado – afirma.
Confira abaixo como proceder em casos de queimaduras.
O QUE FAZER SE FOR QUEIMADO
:: Procure a guarita de salva-vidas mais próxima. Os salva-vidas farão o primeiro atendimento, aplicando vinagre (conforme disponibilidade) sobre a queimadura para amenizar a ardência e evitar que o veneno se espalhe.
:: Conforme o tamanho da lesão ou a reação alérgica da vítima, os salva-vidas vão orientar sobre a necessidade de se buscar atendimento médico.
:: Usar pasta d'água. A loção, encontrada nas farmácias, alivia a ardência na pele.
:: Fique pelo menos um dia sem pegar sol e sem entrar no mar. Dependendo da lesão, os dias de repouso podem ser maiores.
O QUE NÃO FAZER
:: Tirar os filamentos grudados na pele com a mão. O risco de se queimar é ainda maior. Use uma pinça.
:: Coçar. Passar areia então, nem pensar. São duas formas de espalhar os filamentos da mãe d'água pela pele, aumentando a área da lesão.
:: Nem pense em passar creme dental. O mito de usar a pasta de dente em queimaduras só irá desidratar mais a pele.
:: Pegar o animal da areia. As medusas podem estar vivas, mesmo que encalhadas na orla, e as células venenosas delas podem demorar horas para morrer.