Devido ao comércio e movimentação de pessoas, a área central de Caxias do Sul é alvo preferencial de diversos ladrões. A maioria comete crimes rápidos e repetitivos, como furtos em parada de ônibus e ataques a farmácias, que geralmente deixam poucas provas. Por esses motivos, o desafio da Polícia Civil sempre é reunir os elementos de diversos crimes para conseguir comprovar a autoria. Na semana passada, as investigações sobre três homens que tinham o costume de agir no Centro foram concluídas.
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O mais conhecido deles é Anderson Braz Campos, 28 anos, protagonista do tiroteio com a Polícia Civil e Guarda Municipal após assalto a joalheria Caprice, próximo a Praça Dante Alighieri, em 8 de agosto. Quatro pessoas foram baleadas naquela ocorrência, incluindo o próprio Campos e um guarda municipal. Campos foi autuado por tentativa de latrocínio (roubo com morte) contra o dono da loja, Raymundo Pezzi, e segue recolhido preventivamente na Penitenciária Regional do Apanhador.
Na época foragido do regime semiaberto, Campos já estava no alvo do 1º Distrito Policial (1º DP) por uma série de roubos na área central. Ao todo, foram concluídos sete inquéritos sobre ataques a farmácias, armazéns e pequenas lojas. O rapaz ainda é investigado em outros quatro crimes.
De acordo com a investigação, a preferência de Campos era por estabelecimentos com caixas próximo à saída. Nas ações, o assaltante era agressivo: colocava a arma na cabeça da vítima, com o dedo no gatilho e repetia ameaças. O criminoso atuava sempre sozinho e a pé.
Campos é mais um exemplo da impunidade. Seu primeiro registro policial remete a dezembro de 2005, quando tinha 17 anos e participou de um roubo no Centro. No total, o rapaz possui 15 entradas no sistema penitenciário.
Especialista em abrir bolsas com prego
O furto punga, aquele em que a vítima não percebe que seu pertence foi subtraído, é um dos delitos mais comuns na área central. O crime é e difícil comprovação, afinal o autor não é visto. Itor Ramirez Alves, 31 anos, conhecido como Gugu, é um especialista nestas ações. A sorte dele, porém, acabou em 28 de novembro quando foi abordado por agentes da 1ª DP. O suspeito já estava sendo monitorado e foi surpreendido quando negociava um celular que havia furtado horas antes. Os policiais encontraram a vítima, que comprovou o sumiço do objeto e reconheceu o aparelho apreendido. Gugu foi preso em flagrante e segue recolhido na Penitenciária Industrial (Pics).
Com a captura, a 1ª DP conseguiu concluir outros cinco inquéritos contra Gugu por estelionato, furtos e receptação. Ele ainda é investigado em outros dois crimes. De acordo com a investigação, Gugu agia em paradas de ônibus, sozinho ou com um comparsa. Geralmente, esbarrava na vítima na hora de subir no transporte coletivo. Nesse momento, usava um prego para abrir o fecho das bolsas e puxar objetos de valor. Os alvos prediletos eram idosas.
A prisão dele reforça um recorrente alerta da Polícia Civil: não se deve guardar senhas junto a cartões bancários. Gugu conseguiu, em diversos casos, fazer compras e realizar saques em caixas eletrônicos com as informações que as próprias vítimas deixavam ao lado dos cartões ou nas carteiras. Quando não encontrava a senha anotada, Gugu apenas jogava o cartão fora.
O primeiro registro policial de Gugu remete a junho de 1999, quando tinha 14 anos e participou de um furto em Alegrete, sua cidade natal. O rapaz veio para Caxias do Sul onde prosseguiu na carreira criminosa. Apesar de possuir uma vasta ficha criminal, essa foi apenas a segunda vez que Gugu deu entrada no sistema prisional.
Crimes marcados por agressões não motivadas
Mailso Bitencourt da Silva, 26 anos, é o típico ladrão de ocasião. Segundo a polícia, a atividade principal neste ano foi o roubo de veículos, mas a Justiça decretou a prisão dele por um roubo a estabelecimento comercial. O crime ocorreu em 8 de setembro, quando dois homens armados invadiram a loja Commcenter da Rua Ernesto Alves. A dupla rendeu clientes e funcionários e fugiu com mais de 30 celulares e tablets, um prejuízo de R$ 80 mil.
Silva aparece nas imagens das câmeras de segurança da loja e foi capturado em 1º de dezembro, durante uma ação conjunta da 1ª DP e da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), que investiga a participação dele numa série de roubos de carros. O delegado Mário Mombach define Silva como um ladrão que aproveita oportunidades, sempre acompanhado de alguém e com uso de arma de fogo. A área de atuação é variada, porém, seus crimes são marcados por agressões não motivadas.
O primeiro registro policial de Silva remete a janeiro de 2008, quando se envolveu em um furto aos 17 anos. Sua ficha é vasta, porém, repleta de crimes de menor potencial ofensivo. Neste ano, o perfil mudou: teve quatro indiciamentos por assaltos e receptação, delitos que forçaram a primeira entrada dele no sistema penitenciário. Ele segue recolhido na Pics.