Perigo constante e recorrente a cada verão, o uso das represas de Caxias do Sul por banhistas será fiscalizado a partir deste fim de semana, o primeiro da estação. Pelo menos 20 servidores do Samae e da Guarda Municipal estarão dedicados a percorrer os mananciais para garantir a segurança das áreas e da população, muitas vezes desinformada quanto ao perigo – e a proibição – de refrescar-se nestas águas. Planejada junto ao gabinete de Gestão Integrada da prefeitura, a Operação Verão Seguro, conforme destaca o comandante da Guarda Municipal, Ricardo Fugante, é uma ação que visa principalmente a prevenção:
– É um trabalho focado em salvaguarda, porque a maioria dos banhistas não sabe o risco que corre. Represas não são balneários, pois além de serem impróprias para o banho, não têm salva-vidas. Se avistarmos alguém na água, vamos ordenar que saia. Mas só há encaminhamento à delegacia em casos de desobediência ou desacato.
O principal fator de risco dos mergulhos é a segurança. Especialmente quanto à profundidade das águas, que podem passar de rasas a fundas de forma abrupta. Além disso, o solo também pode ter galhos de árvores e formação de lodo, que constituem armadilhas perigosas. O secretário municipal de Segurança Pública e Proteção Social, José Francisco Barden, alerta para o fato de que a maior parte das vítimas de afogamento eram consideradas boas nadadoras.
– Quem se afoga normalmente é alguém que nada bem, mas não considera que pode ter um mal súbito na água, por exemplo. Além disso, muitas vezes, também adentram embriagados ou sob o efeito de substâncias psicoativas, o que aumenta o perigo – diz Barden.
Diante da dificuldade de se fazer uma vigilância mais efetiva, mesmo com o reforço neste período, o comandante da Guarda pede que a própria população atue como um agente fiscalizador.
– Teremos uma patrulha circulando diuturnamente, fiscalizando as bacias de captação do município, com mais intensidade nos finais de semana. Por serem públicas, são as áreas que competem a nós. Além disso, é importante que os cidadãos ajudem o nosso trabalho, denunciando a ocorrência de banhistas em áreas impróprias pelo telefone 153 – pede.
No ano passado, 765 pessoas foram retiradas das barragens por estarem tomando banho, sendo 381 crianças. Não houve registro de afogamentos. A Operação Verão Seguro segue até o dia 5 de março.
Não há opção de banho em área pública
Ao contrário de Farroupilha, onde a prefeitura oferece uma piscina para a população, Caxias do Sul não tem uma área pública e segura onde os habitantes que não podem ou não querem rumar para o litoral possam se refrescar. O secretário municipal de Segurança Pública e Proteção Social, José Francisco Barden, ressalta que pelo fato de não haver salva-vidas, nenhuma área pública do município _ arroios, cachoeiras, açudes, além das próprias represas _ é considera própria para o banho.
– Muitas pessoas correm risco tomando banho no Rio Caí ou entrando em açudes de propriedades particulares. Após um ano de uma forte estiagem na região, os proprietários tornaram mais fundos os seus açudes para poder reservar uma quantidade maior de água, e isso tornou estes locais ainda mais perigosos – comenta o secretário.
Sem nenhuma opção gratuita, o que resta ao público de baixa renda em Caxias – sem condições de bancar a mensalidade dos clubes mais tradicionais – é recorrer aos balneários mais acessíveis, como o Moschen, em Galópolis, e o Vale das Montanhas, na BR-116. Também há sedes de sindicatos como o dos Trabalhadores Metalúrgicos; do Sindicomerciários ou dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário, cujo acesso ao público geral ou acompanhantes de associados deve ser consultado.