Não parece justo que algo que demore um ano para começar, possa levar apenas três dias para terminar. Mas talvez seja essa sensação de fuga a cada minuto o que torna tão especiais momentos como o que se vive a cada noite do Mississippi Delta Blues Festival. A nona edição, que se encerrou na madrugada deste domingo, em Caxias do Sul, reafirmou o MDBF não apenas como um dos principais festivais de blues do mundo, mas também um dos principais acontecimentos da cidade, envolvendo cada vez mais pessoas a cada ano.
Para esquentar ainda mais o clima que já era de intenso calor, o Bottle Tree Stage teve a abertura com o gaitista chileno Gonzalo Araya entoando o hino nacional (brasileiro) na harmônica, como uma homenagem ao país que é a sua segunda pátria. Na sequência, o veterano bluesman carioca Alamo Leal subiu ao palco para mandar canções autorais e clássicos do blues, interpretados com a maestria que os fãs do MDBF já estão habituados. Alamo é daqueles artistas cuja história se mistura com a do festival.
Na sequência, uma galera que no fim da tarde já havia feito esgotar os ingressos da bilheteria curtiu o show de Greg Wilson, vocalista do Blues Etílicos, em trabalho solo, porém muito bem assessorado por músicos do calibre do saxofonista Beto Saroldi e do gaitista caxiense Toyo Bagoso, o dono da festa. Um encontro de amigos diante de uma plateia disposta a aproveitar cada solo de 12 compassos, característica máxima da estrutura musical do blues.
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Pelos outros palcos, não se pode deixar de citar a ótima sacada que foi o show da cantora Fran Duarte com o coral das Meninas Cantoras de Nova Petrópolis, em uma proposta inovadora para o MDBF, mas que parecia estar caindo de maduro. A produção acertou em cheio, assim como as meninas, que não se intimidaram diante da primeira grande plateia formada na noite. No dia 17 de dezembro, elas estarão de volta em show na Casa da Cultura. E na casinha, Bob Stroger e Tail Dragger aproveitaram o clima rural do palco para fazer dois dos shows de blues mais genuínos que Caxias já assistiu.
Encerrando o palco principal, a contagiante mistura de ritmos do guitarrista J.P. Soars e de seus comparsas da The Red Hots, que trouxeram dos EUA aquilo que por lá já se produziu de melhor: jazz, R&B,soul, rock...todos os ritmos filhos do blues. Foi para lavar a alma e encharcar de suor cada espectador já saudoso do festival. Em 2017, o MDBF irá completar 10 anos, e ninguém espera nada menos do que uma edição inesquecível e sem precedentes. Um desafio a mais para uma produção que se supera a cada ano.