A segunda noite do 9º Mississippi Delta Blues Festival iniciou nesta sexta-feira, no Bottle Tree Stage, com o gaitista chileno Gonzalo Araya matando a saudade do público brasileiro. E vice-versa, é claro. Desde o início do ano, Araya voltou a morar no Chile, deixando órfãos de sua técnica incomparável aqueles que se acostumaram a vê-lo tocar no circuito nacional. Acompanhado do time gaúcho da sua Los Colegas Del Blues, Gonzalo mostrou, com direito a um longo solo no meio da galera, que a temporada nos palcos chilenos só fez bem para o seu blues tão virtuoso quanto cheio de feeling.
Pelos outros seis palcos espalhados pelo Largo da Estação Férrea, destaque para o palco Magnolia, onde brilharam a caxiense Etiene Nadine e a argentina Orianna Anderson, ambas estreantes no line up. Na casinha, a menina dos olhos dos fãs do MDBF, o norte-americano J.P. Soars deu um preview do que vai ser o show de encerramento desta edição, com músicas que saem do padrão do blues tradicional e trazem referências de extremo bom gosto: jazz, R&B e rock n' roll.
De volta ao palco principal, a segunda atração foi o cantor Taildragger, de volta a Caxias após um show mais intimista feito no Mississippi Delta Blues Bar. Em frente a um público que praticamente lotou o Largo da Estação _ mas que deve ser ainda maior no sábado _ o bluesman do Arkansas apavorou com sua voz suja e rouca de quem viveu tudo o que o blues tem a oferecer, mas também tocou corações com a ternura derramada em slow blues certeiros. Em paralelo aos shows, chama a atenção no 9º MDBF o caráter de feira, com estandes bacanas como o estúdio de tattoo e o da marca de guitarras Fender, onde são exibidas guitarras tão lindas que quase se pode pedi-las em casamento. Surpresas que fazem valer a pena o ingresso tanto quanto as apresentações musicais.
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Para finalizar o Bottle Tree Stage, o show dançante e empolgante de James "Boogaloo" Bolden, trompetista e diretor musical da banda de B.B. King, a quem homenageou já na primeira música, o hino Everyday I Have The Blues. Diante de uma plateia que mais uma vez lotou a Estação Férrea, Boogaloo e seu afiado naipe de metais fizeram jus à memória do parceiro de mais de 40 anos que é a lenda máxima do blues, falecido em maio de 2015.
Noite memorável, como eram aquelas em que B.B. empunhava sua Lucille mundo afora. Foi a segunda e penúltima noite do nono Mississippi Delta Blues Festival, que a essa hora já começa a deixar aquela saudade antecipada da felicidade que nos começa a escapar, mas ainda está em tempo de ser vivida. Até sábado, e viva o blues!