Mais da metade das rampas para cadeirantes no centro de Caxias do Sul não está nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O restante, que passaria pelo crivo técnico, tem armadilhas: não está em boas condições de conservação, o que torna o caminho inacessível e perigoso para as pessoas com deficiência (PCDs). A conclusão é de um estudo sobre acessibilidade em ambientes públicos, que será apresentado nesta segunda-feira à tarde em audiência na sede do Ministério Público Federal (MPF).
A pesquisa foi desenvolvida desde março pelo MPF em parceria com o Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG). Além de calçadas, o perímetro do estudo compreendeu 165 rampas nas esquinas das ruas Marechal Floriano, Garibaldi, Visconde de Pelotas, Doutor Montaury, Marquês do Herval, Borges de Medeiros e Alfredo Chaves com a Sinimbu, Avenida Júlio de Castilhos e Pinheiro Machado. Desse total, apenas 75 se enquadram nas regras da ABNT. Importante: nem todos os cruzamentos de ruas têm rampas.
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A partir de um mapeamento prévio, alunos e professores dos cursos de Arquitetura e Terapia Ocupacional analisaram, por exemplo, a condição de calçadas e rampas, além da colocação ou não do piso tátil (relevos que permitem que um deficiente visual ou qualquer outra pessoa se guie pelas fissuras).Os pesquisadores encontraram calçadas com canteiros que se transformam em obstáculos para deficientes e rampas mal construídas.
No cruzamento entre a Avenida Júlio e a Garibaldi, por exemplo, apenas três das oito rampas respeitam normas de inclinação e largura mínima. O material dessa esquina e de outros pontos foi fotografado e incluído no relatório. O objetivo é levar sugestões ao poder público e à comunidade (ver quadro).
– Tentamos identificar como está sendo produzido e ofertado o acesso aos cadeirantes e outros portadores de deficiência no centro da cidade, para, a partir de então, levar essas demandas – explica o coordenador acadêmico da FSG, Marcos Paulo dos Reis Quadros.
Caxias está atrasada
Para o procurador da República Fabiano de Moraes, incentivador do projeto, as questões envolvendo a acessibilidade devem ser de preocupação de todos, e não apenas de quem, em teoria, seria o beneficiado. Para ele, havia a necessidade de mapear uma área específica da cidade para verificar os problemas, o que demonstra que Caxias do Sul ainda está muito atrasada em matéria de acessibilidade urbana.
– O segundo passo é construir soluções, em conjunto com todos, que sejam viáveis e que auxiliem no cumprimento a legislação já existente em relação ao tema – reforça o procurador.
Na audiência, devem participar do encontro representantes da prefeitura, da Câmara dos Vereadores, dos conselhos de Pessoa com Deficiência e Idosos, entre outros.
SUGESTÕES
Para os estudiosos da acessibilidade, algumas propostas podem ajudar a melhorar a mobilidade de PCds. Confira:
::Elaborar campanhas e propagandas sobre acessibilidade de maneira clara e explicativa.
::Realizar oficinas nas comunidades que conscientizem sobre a dificuldade que um meio não adaptado pode causar a quem tem deficiência.
::Criar um selo de aprovação como incentivo para adequação de locais privados, como lojas, centros comerciais e indústrias.
::Incluir nos conteúdos das escolas uma visão da realidade enfrentada pela falta de acessibilidade, estimulando que as crianças cresçam com mais consciência do problema.
::Expandir a pesquisa para outras áreas da cidade para um melhor mapeamento e busca de um plano de ação.
SERVIÇO
O que: audiência de apresentação dos resultados do Grupos Acessibilidade. Onde: sede do Ministério Público Federal (Visconde de Pelotas, 1.007, Centro)
Quando: hoje, às 15h