O velho golpe do bilhete premiado ainda é um desafio para as polícias. Usando apenas a lábia, estelionatários enganam as vítimas, na maioria idosos, e fogem com grandes quantias de dinheiro. Em seguida, migram de cidade antes que possam ser reconhecidos. Dois homens que aplicavam os golpes na região acabaram na mira da polícia: o paranaense Mykon Cristiano Evangelista de Souza, 37 anos, foi indiciado por três crimes aplicados entre junho e agosto, na Serra. Seu comparsa em um dos casos, o mineiro José Vitor da Fonseca, 36, também foi indiciado.
Apesar dos procedimentos, os dois não estão na cadeia: Souza responde em liberdade desde 15 de outubro, após passar um tempo recolhido em Caxias do Sul por força de um mandado de prisão preventiva expedido em Goiás. Fonseca, registrado apenas como suspeito, nunca deu entrada em um presídio no Rio Grande do Sul.
Leia mais
Operação conjunta da BM e Polícia Civil prende dois em Farroupilha
Arrastões em ônibus intermunicipais voltam a preocupar polícia e empresas de Caxias do Sul
Médico suspeito de abusar de pacientes durante consultas é indiciado em Caxias do Sul
Estelionatário dizia ser tenente da BM para trapacear empresários em Nova Petrópolis
O primeiro passo até chegar aos suspeitos ocorreu no dia 10 de agosto, em Farroupilha, quando uma vítima de 61 anos percebeu a intenção criminosa do casal que lhe oferecia um bilhete premiado. Acionada, a Brigada Militar abordou três suspeitos em um Gol branco com placas de Balneário Camboriú (SC) na Rua Paim Filho, área central da cidade. A vítima reconheceu Souza como sendo o estelionatário. Os outros dois detidos, que já possuíam antecedentes por estelionato, foram registrados como suspeitos e liberados. Um deles era Fonseca, que seria reconhecido por outra vítima durante as investigações. A mulher que participou do golpe não foi identificada.
As informações da prisão foram divulgadas entre delegados da Polícia Civil e auxiliaram nas investigações em Caxias do Sul. Souza foi reconhecido por vítimas de golpes na Avenida Júlio de Castilhos, em 8 de junho, e na Rua Visconde de Pelotas, em 22 de junho. No primeiro, uma idosa de 67 anos perdeu R$ 13 mil. No seguinte, foram subtraídos R$ 25 mil de uma mulher de 53 anos.
– A história é sempre a mesma. O primeiro (estelionatário) aborda a vítima fingindo ser uma pessoa humilde e com dificuldades para ler. Ele pede informações sobre bancos e um bilhete que possui. No meio da conversa, chega o comparsa, que é um homem bem vestido e com boa comunicação. Ele oferece ajuda e descobre que o bilhete é premiado e vale muito dinheiro – aponta o delegado Vitor Carnaúba.
A "pessoa humilde" conta que não sabe como resgatar este dinheiro e propõe dividir o prêmio caso receba ajuda. Porém, pede uma garantia. O comparsa "bem vestido" aceita o trato e apresenta uma mala cheia de dinheiro. Sem querer perder a oportunidade milionária, a vítima concorda e busca dinheiro para pagar a sua parte. Após receber, os criminosos fogem.