Na tarde deste sábado pais, alunos e professores da Escola Aristides Germani que querem o retorno das aulas se reuniram no salão da Igreja dos Capuchinhos para conversar e tentar encontrar alternativas. Também estiveram presentes coordenadores do Programa Municipal de Pacificação Restaurativa Paulo Moratelli e Alexandre Ferronato, que buscam orientar para que haja uma solução pacífica e que também permita a boa convivência de todos em ambiente escolar no momento em que os protestos chegarem ao fim.
O encontro iniciou com ânimos alterados já que os pais gostariam de tomar uma atitude imediata, permitindo a alunos e professores que quiserem ter aula, acesso à escola.
_ O Conselho Tutelar cobra da escola relatórios sobre a frequência do aluno. Se eu deixar meu filho sozinho em casa o Conselho vai lá bater na minha porta. Agora ninguém está tendo aula e eu quero saber onde está o Conselho Tutelar _ questionou uma mãe.
No meio da reunião, três alunos que fazem parte do movimento de ocupação entraram na sala com intenção de assistir ao debate, no entanto,a atitude causou revolta entre os pais presentes:
_ Nós não podemos entrar na escola que é um local público, mas eles podem entrar aqui? _ questionou outra mãe.
Segundo Moratelli, uma desocupação feita com o uso da força, seja por meio de processo judicial e com ação da Brigada Militar ou pelos próprios pais e estudantes, só aumentaria o espiral da violência e prejudicaria a convivência posterior.
_ A solução imediata não existe. O que propomos é uma terceira opção, que não vai atender 100% a solicitação de vocês e nem as deles, mas será por meio do diálogo e realizada pacificamente _ explicou.
Os alunos que querem voltar a estudar concordaram que é preciso haver consenso entre as partes.
_ Eles (os alunos que ocupam a escola) estão certos em querer exigir uma educação melhor, mas acredito que esta não seja a melhor forma de fazer isso. Da mesma forma que nós queremos voltar a estudar, mas não podemos agir com violência _ afirmou o aluno João Henrique Andrin Bianchi.
Para a diretora geral da escola, Guacira Matos, que assumiu a gestão em fevereiro deste ano, é complicado fazer uma boa gestão da escola sem poder entrar lá.
_ Preciso entrar, ao menos poder pagar as contas. Mas, buscamos que tudo se resolva de forma tranquila _ completa.
Ao final, os pais elegeram um grupo menor para representá-los e tentar por meio do diálogo, com a ajuda dos agentes pacificadores, afinar sugestões e, quem sabe, em um próximo momento, fazer contato com os alunos da ocupação.
Sem ter onde deixar os filhos, pais sentem dificuldades
O vendedor Eduardo Carniel, 41 anos, e a autônoma Jace Carniel, 38, têm duas filhas. A mais velha, com 10 anos, estuda no Aristides Germani. Com as ocupações e sem aula há cerca de duas semanas, eles tem enfrentado dificuldades por não terem com quem deixar as crianças e também se preocupam tanto com o conteúdo que a filha está perdendo, quanto na forma que este período de aula será recuperado depois.
_ Algumas vezes elas ficam com a minha irmã, mas tem dias que eu preciso deixar de atender meus clientes para poder ficar com elas _ conta o pai.
Além disso, contam que a filha gosta muito de estudar e sente falta da escola. O casal também havia programado férias durante o inverno, mas com a incerteza sobre o cenário nos próximos dias, o plano precisou ser cancelado.