A mobilização de pais que se reveza para garantir o prosseguimento do ano letivo no Instituto de Educação Cristóvão de Mendoza completa 17 dias nesta quarta-feira, em Caxias do Sul. Desde o início de junho, cerca de 30 pessoas estão acampadas na escola 24 horas por dia para impedir que os dois prédios onde ocorrem as aulas voltem a ser tomados por alunos que participam da ocupação. Enquanto isso, cerca de 20 alunos que ainda ocupam um terceiro prédio prometem sair na segunda-feira, mas somente se o governo do Estado se comprometer a reformar o colégio.
Os pais cogitaram cruzar os braços e voltar para casa mas, em reunião na terça-feira, resolveram permanecer para garantir a segurança dos filhos. O Cristóvão é o único colégio de Caxias que ainda tem ocupação.Cansados de esperar o fim do movimento dos jovens ou alguma ação do poder público, os pais ingressaram no colégio no último dia 6: removeram barricadas montadas por estudantes e se instalaram na sala dos professores. Com isso, a ocupação ficou restrita a um dos blocos e a retomada das aulas foi garantida a partir do dia 8. Sem estrutura suficiente, foi necessário apelar ao improviso: há aulas na sala de projeção, na sala de atividades dos anos iniciais e em dois espaços cedidos pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).
_ Com a nossa presença, eles se sentiram acuados. Não teve confronto, não teve violência _ afirma Patricia de Castro, mãe de dois alunos.
Especialmente à noite, depois da última aula, pais e mães formam escalas para fazer rondas ao redor de todo o colégio. O temor é de que as alas voltem a ser ocupadas e os alunos novamente fiquem sem espaço para estudar. Entre os professores, a sensação proporcionada pelos pais é de segurança.
– Todos os órgãos responsáveis se omitiram, nós não temos solução nenhuma. Só temos segurança, nós e as crianças, por causa dos pais – avalia Marta Roxo, professora de educação física.
Segundo o aluno Leonardo Cechin, 17, integrante da ocupação, a expectativa é liberar o prédio na próxima segunda-feira, mas com uma condição: os alunos esperam que seja assinado um termo de ajuste de conduta (TAC) em que o Piratini se comprometa a reformar o colégio por meio do Plano de Necessidades de Obras (PNO).
Até ontem à tarde, a coordenadora da 4ª Coordenadoria Regional de educação (4ª CRE) não havia recebido resposta quanto ao pedido.
Barricada entre os prédios
Uma barricada com banco de madeira, armário, classes e cadeiras foi montada entre o prédio ocupado por estudantes e os outros dois, onde ocorrem as aulas. A barreira fica no lado onde há ocupação, junto a um portão de ferro.
– Nós entendemos que eles (alunos da ocupação) têm medo que nós vamos passar para o outro lado, mas nós só queremos que as aulas continuem. Não estamos aqui para confrontar, medir forças. Nosso propósito era retomar as aulas e isso conseguimos – afirma Jeyce Indicatti, 28 anos, aluna do magistério que também participa do movimento dos pais.
Os alunos que integram a ocupação garantem que realizam oficinas para os alunos interessados. Entre os temas, segundo o estudante Leonardo Cechin, 17, estão aulas de biologia e preparatórias para o Enem.
– São dadas por voluntários de fora – garante.