Tempo bom, fé e arte. Três ingredientes que fizeram do feriado de Corpus Christi um momento de celebração nesta quinta-feira, em Flores da Cunha. Cerca de 13 mil fiéis visitaram os famosos tapetes de serragem, participaram de missas e da 28ª Romaria de Frei Salvador.
– Nós precisamos desse momento de celebração e renovação da fé. Está tão bonito aqui, um jardim colorido e feito por mãos abençoadas – diz Romildo Ianh, 74 anos, morador da cidade.
Nas quadras ao redor da Praça da Bandeira, 30 tradicionais obras de serragem colorida, que desde 1964 enfeitam as ruas de Flores da Cunha, representam os símbolos da fé e os pedidos da comunidade por um ano abençoado. Elas ficarão expostas até domingo.
– Fazer um tapete é muito gratificante. Além de mantermos uma tradição importante, já que é um atrativo turístico da cidade, ainda conseguimos expressar a nossa fé – conta Alex Eberle, 20 anos, membro do movimento do Emaús e responsável por produzir o tapete central.
As amigas Elma Bocchese, 89, e Diva Martinato, 88, saíram no começo da tarde de Caxias do Sul para visitar as obras.
Confira a galeria de fotos dos tapetes
– Fé e arte, quer combinação melhor? Quem faz estes tapetes são verdadeiros artistas. É uma representação belíssima da fé. Fico até emocionada – afirma Elma.
O dia com temperatura agradável também serviu para reunir famílias e amigos. O casal caxiense Carmen Johann, 34, e Cedemir Saraiva, 35, levaram Caio Johann Saraiva, três, para produzir o seu próprio tapete. Ele escolheu fazer uma igreja, bem colorida.
– É a primeira vez que viemos ver os tapetes de perto. Tudo por aqui traduz muito bem a fé e a união. Essa interação com a serragem e sabendo do significado e da história que tem por trás, faz com que tudo se renove, não só a nossa fé – ressalta Cedemir.
Para a secretária de Turismo de Flores da Cunha, Fátima Ortiz, o feriado de Corpus Christi representa o espírito comunitário e o engajamento dos florenses na celebração da eucaristia. Os tapetes foram confeccionados por 40 entidades da cidade. O material utilizado, cerca de 26 toneladas de serragem bruta e mais 16 de colorida, veio de São Francisco de Paula.
– O que se vê é o resultado de um trabalho feito por muitas mãos voluntárias. Tenho certeza que Flores da Cunha é extremamente grata por esse belo jardim que temos aqui hoje – afirma.
28ª Romaria de Frei Salvador
Milhares de fiéis também participaram da procissão e missa campal em homenagem ao Frei Salvador na tarde desta quinta-feira. A caxiense Vani Giacomelli, 62, foi até Flores da Cunha para agradecer.
– Os tapetes enchem os olhos, mas hoje vim mesmo por gratidão. Há 10 anos sou devota do Frei. Parei de fumar graças a ele. Todo ano vou até o Eremitério para renovar a minha fé – confessa a aposentada.
Frei Salvador viveu por 24 anos em Flores. De família humilde, tinha como principais características a fé, a caridade, a oração e o trabalho. Após a sua morte, em 1972, diversos milagres começaram a ser atribuídos à ele. Em 1977, foi dado início ao processo de beatificação, que ainda deve passar por algumas etapas para ser concluído.
A Romaria começou em 1989 e ocorre simultaneamente à solenidade de Corpus Christi por três razões: Frei Salvador era devoto da Eucaristia, morreu na véspera dessa festa e foi o primeiro Ministro Extraordinário da Eucaristia da paróquia de Flores da Cunha.