O plenário da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul ficou lotado – com muitas pessoas de pé, inclusive – para receber o embaixador do Senegal no Brasil, Amadou Habibou Ndiaye, durante a tarde deste sábado. Ele visitou a cidade pela primeira vez com o objetivo principal de dar encaminhamento a questões referentes à confecção do cartão do consulado senegalês. Este é um documento muito importante para a permanência dos imigrantes no país. Só neste fim de semana, estima-se que cerca de mil cartões sejam feitos na cidade.
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– É uma maneira de o consulado saber quantos senegaleses estão no Brasil para, assim, poder solicitar mais subsídios. Este documento também é necessário para encaminhamento de outros documentos que os imigrantes necessitam e para fazer a naturalização brasileira – explicou Vanessa Perini Moojen, do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM).
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Praticamente todo narrado em wolof, o encontro foi conduzido por Demba Sokhna, presidente do Movimento Negro Imigrante.
– Caxias é um polo imigrante, praticamente todos os imigrantes negros que chegam ao Brasil passam por aqui e depois se espalham. Por isso é importante a presença do embaixador – disse Sokhna, ao Pioneiro.
O encontro também serviu para que os senegaleses que vivem em Caxias do Sul e região pudessem conhecer algumas personalidades que batalham pela melhoria nas condições de vida dos imigrantes por aqui. O embaixador também pode ouvir breves explanações de pessoas empenhadas na causa senegalesa, como a Irmã Maria do Carmo dos Santos Gonçalves que atua no CAM aliado à Pastoral do Migrante.
– Estamos com o melhor do Senegal aqui. São jovens cheios de sonhos e esperanças – disse ela.
A Irmã, apresentada no plenário como "uma de nós", também fez reivindicações que podem melhorar as condições de vida dos imigrantes por aqui.
– A embaixada tem um papel fundamental de favorecer a integração entre o Brasil e o Senegal. Vemos gente capacitada que poderia estar se capacitando ainda mais aqui. Não adianta voltar ao país de origem levando somente o cansaço, é preciso levar conhecimento também. Vejo ainda que pela grande concentração de senegaleses no Rio Grande do Sul, poderíamos ter uma representação consular em Porto Alegre, ajudaria muito – solicitou ela, muito aplaudida.
Além do CAM, estavam presentes ainda representantes da Universidade de Caxias do Sul, da Faculdade da Serra Gaúcha, do Ministério Público, além de um dos responsáveis pela consulado do Senegal no Brasil, Mbaye Diagne. O embaixador falou por quase uma hora (também em wolof, mas com tradução para o português feita pelo mestre de cerimônias) e foi interrompido diversas vezes por aplausos. Ele reforçou a intenção de facilitar cada vez mais a vida dos senegaleses que vivem no Brasil, evitando burocracias e fortalecendo laços.
– Quem atravessa oceanos e fronteiras, quem passa por isso quer trabalhar, quer melhorar suas condições de vida, não há dúvida disso – disse ele, no cargo de embaixador desde 2014.
A confecção dos cartões do consulado deve continuar durante este domingo, na Câmara de Vereadores de Caxias.